Quando os arquitetos e sócios do Estúdio Campetti, Márcia e Tiago Campetti, se viram diante da necessidade de encontrar um novo local de trabalho, listaram tudo que gostariam ver reunido nesse espaço. “Em primeiro lugar, queríamos trabalhar com liberdade a composição dos ambientes e que o novo endereço não ficasse em um edifício comercial”, conta Tiago. O escritório também precisaria ficar no centro de Curitiba (PR), onde estão há mais de 20 anos.
Assim, a dupla esbarrou em um subsolo de 95 m² sob uma antiga casa de arquitetura alemã. Apesar da metragem reduzida e do layout simples – com apenas uma porta de acesso, uma pequena janela e uma porta nos fundos que conecta ao pátio interno do terreno –, o espaço pareceu perfeito para receber as mudanças imaginadas.
Em primeiro lugar, queríamos trabalhar com liberdade a composição dos ambientes e que o novo endereço não ficasse em um edifício comercial Tiago CampettiDe acordo com Tiago, as primeiras transformações incluíram a ampliação da porta frontal, transformando toda a parede da frente em uma porta deslizante de vidro; a criação de uma grade de vergalhões para essa porta; e a abertura das divisões internas – antes muito segmentadas e fechadas. Essas medidas possibilitaram uma circulação mais livre, ventilação cruzada e maior aproveitamento da luz natural.
Uma das preocupações foi com a iluminação, uma vez que o pé-direito de 2,10 metros – 1,90 m abaixo de algumas vigas – não deixava espaço para fechamento de forro, logo, não seria possível embutir luminárias. Os arquitetos optaram, então, por colocar todas as luminárias acima dos móveis e equipamentos, liberando toda a área de circulação. Essa resposta permitiu uma leitura muito clara dos trajetos possíveis dentro do espaço e criou uma atmosfera de iluminação indireta – quanto as luzes são refletidas nas paredes e no teto.
Feitas as adaptações, chegou o momento de dar vida e identidade ao subsolo. Para criar um contraste com a construção residencial existente no pavimento acima, foi levantado um “cubo de concreto” na área de acesso do escritório, executado em placa cimentícia e revestida com cimento queimado. A telha existente foi parcialmente substituída por uma translúcida e o espaço anterior à entrada ganhou uma rampa de acesso e um deck de tijolos.
Um mural do artista Claudio Celestino Dimas, que possui um extenso trabalho de intervenção através de cores e formas, foi fixado no corredor que antecede o hall de entrada, oferecendo uma prévia da criatividade do ambiente interno.
A entrada dá direto para o lounge, desenvolvido para pequenos eventos com clientes e parceiros e considerado o núcleo do escritório. Dele é permitido acessar de forma independente todos os outros ambientes. O espaço que sobra é dividido em uma sala de reunião, para eventos mais reservados, e uma sala de trabalho comum para todos os integrantes, sócios e funcionários. “A proposta do Estúdio foi pautada em criar diferentes espaços para diferentes usos”, comentou Tiago. “Embora exista uma divisão de tarefas dentro dos processos, todos os projetos passam por uma discussão aberta”, finaliza.
O projeto de interiores é marcado pelos contrastes de materiais brutos, como aço compensado, granito e cimento, com outros insumos mais delicados, como couro, madeira tratada, silestone e mármore. Essa mescla têm como objetivo tornar o ambiente bonito e aconchegante.
O mesmo acontece com o mobiliário, desenhado em grande parte pelos arquitetos, a partir de materiais mais brutos. Segundo Tiago, a escolha de materiais estruturais utilizados conecta a atividade do "pensar" da arquitetura com o "executar", como é o caso da estante montada a partir de um andaime, transformando um elemento que antes servia apenas de suporte para a equipe do canteiro em suporte para a equipe de projeto. “Além de um investimento comercial, o projeto do Estúdio foi uma oficina, tanto de técnicas e materiais, como da arquitetura de interiores no papel de um catalisador de resultados”, completa.
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