Um dos destaques do projeto do Anexo da Câmara Municipal de Porto Alegre - desenvolvido pelo Estúdio 41 e 2° colocado no Concurso Nacional de Arquitetura realizado pelo IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil) - é a implantação que acomoda a construção na metade oeste do terreno localizado em Porto Alegre, para abrir as perspectivas a partir de uma praça de acesso posicionada logo na entrada. “A estratégia propõe definir em primeiro lugar a ausência, antes mesmo de definir a presença do novo artefato a ser edificado. Com isso promovemos a existência de dois espaços de encontro: a praça externa e o átrio central do edifício anexo”, explica o arquiteto João Gabriel, do escritório Estúdio 41.
Na praça externa a escala do parque foi conservada, com características singulares do contexto urbano. Já o edifício anexo e seu átrio central remetem aos pátios existentes no edifício atual da Câmara. O escritório partiu do princípio de que a maior riqueza do local são as paisagens generosas proporcionadas pelo parque, rico em áreas arborizadas, pelo rio Guaíba e pelo skyline de Porto Alegre. “Parecia adequado preservar a massa de vegetação existente na praça, pois o edifício reflete o caráter da instituição, além de estar de acordo com seu tempo. Há uma relação paradoxal entre a praça e a construção”, relata.
A inspiração para os arquitetos surgiu a partir da soma do repertório que cada integrante da equipe trouxe consigo. A praça e o edifício posicionam-se em uma linha que prolonga a avenida principal, eixo de articulação do conjunto. A ideia por trás desse elemento linear de circulação é garantir as paisagens a partir da edificação para os espaços livres exteriores.
“Essa linha apoia-se sobre o bloco de serviços existente, garantindo a integração do conjunto. O bloco técnico de serviços foi ampliado, mas sem perder a escala original. Ao redor dele, uma superfície translúcida de fachada envolve o volume, delimitando a transição entre o prédio principal da Câmara e o anexo”, comenta João Gabriel.
Nos depósitos e nas áreas de serviço, localizados nos pavimentos inferiores, a envoltória mais opaca preserva o interior. A fachada reflete os usos internos, podendo ser facilmente rearticulada, caso haja necessidade. O sistema de placas de drywall sugerido é flexível e permite facilmente a retirada e substituição por esquadrias em alguns vãos, com a vantagem de trazer para o interior do edifício mais iluminação natural.
O objetivo da proposta elaborada para o projeto é criar um espaço público, um lugar cívico e de encontro dos cidadãos. “A interpretação do terreno e do programa, além da escolha dos sistemas construtivos, transforma o espaço externo em um elemento articulador entre o prédio existente e o novo, a cidade e seus vazios. São espaços públicos que concretizam o encontro entre cidadãos e seus representantes democráticos”, finaliza João Gabriel.
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