Eataly é um complexo gastronômico de origem italiana, que concentra, em um só lugar, diversos tipos de ambientes, pontos de alimentação e mercado de produtos. Fundado e idealizado pelo empresário Oscar Farinetti, a marca possui 29 lojas pelo mundo, mas no Brasil há apenas uma, em São Paulo. O projeto é uma parceria de arquitetos que trabalharam no Brasil e Itália.
O edifício que abriga o empreendimento foi concebido pela equipe da espaçonovo projetos de arquitetura, comandada pela arquiteta Jovita Torrano, diretora e sócia fundadora do escritório. O conceito padrão aplicado em todas as lojas foi projetado pela equipe interna de arquitetos do Eataly, liderada pelo arquiteto Carlos Piglione.
Localizada no bairro da Vila Nova Conceição, o projeto está instalado em um edifício de 9.300 m² que se organiza em torno de um grande vazio central, com três andares e dois subsolos de estacionamento.
“É um espaço totalmente descontraído e dinâmico. Tem muita gente andando, comprando, passeando e conhecendo os produtos. Essa atmosfera de mercado e feira é um dos grandes destaques do projeto arquitetônico”, explica a arquiteta Jovita Torrano.
A construção foi inspirada nos antigos mercados públicos italianos construídos a partir da segunda metade do século XIX e início do XX. A estrutura metálica foi decisiva para possibilitar a diminuição dos prazos de execução da obra. Os perfis foram trazidos prontos e montados, e as lajes steel deck dispensaram escoramento, o que reduziu o desperdício de material.
A leveza desse sistema garantiu fundações menos robustas do que as utilizadas nas estruturas convencionais de concreto. “Esse tipo de estrutura casou muito bem com a nossa proposta”, comenta Torrano.
A ideia é que você possa aprender sobre os produtos brasileiros e italianos, mas também consumir, experimentar e comprar para fazer em casa Jovita TorranoNa cobertura do Eataly, as telhas metálicas termoacústicas com enchimento de poliuretano otimizam o isolamento térmico. A ausência de forros e as instalações aparentes atribuem ao espaço a simplicidade de um galpão. Por outro lado, a aplicação de cerâmicas artesanais em cada departamento criou atmosferas mais sofisticadas e personalizou os espaços.
“A laje de piso em concreto lapidado recebeu um acabamento em ácido composto de sais que reagem com o material, realçando suas particularidades e dando um aspecto mais rústico e uma tonalidade quente ao ambiente”, relata a arquiteta.
A fachada do Eataly ajuda a reforçar a linguagem arquitetônica contemporânea. A estrutura metálica é mantida aparente, e os panos de vidro definem os volumes ora cheios ora vazios. “A fachada é toda aberta para o exterior e, por causa dos vidros, é possível ver o movimento da rua”, conta Torrano.
Uma linha contínua na cor vermelha contorna a varanda em balanço e delimita o terraço superior, pela sua fluidez a cor da unidade aos elementos e ajuda a caracterizar o edifício, personalizando e criando uma identidade para o prédio e seu entorno. A varanda, por sua vez, é formada por sucessivos átrios compostos por perfis metálicos também na cor vermelha.
Cada produto vendido neste shopping gastronômico é fabricado ou no país de origem do projeto (Itália) ou no país que está sediando o empreendimento, neste caso o Brasil. Essa é a filosofia do Eataly.
Para possibilitar o contato do público com esses produtos, os arquitetos criaram oito restaurantes, departamentos de mercado, uma praça no térreo com uma feira e uma escola de gastronomia. O espaço tem capacidade para até 768 pessoas. “A ideia é que o cliente possa aprender sobre os produtos brasileiros e italianos, mas também consumir, experimentar e comprar para fazer em casa”, ressalta Torrano.
Cada restaurante tem um design próprio, que dialoga com sua especialidade – peixe, pizza, carne ou massa. O último andar tem uma cobertura de vidro retrátil que possibilita mesas a céu aberto no principal bar e restaurante.
O grande vazio central do edifício integra os três pavimentos, possibilitando a visualização dos diversos restaurantes, convidando ao passeio e promovendo o encontro. O acesso entre eles é feito pelas escadas rolantes e por dois elevadores panorâmicos.
“A arquitetura precisa ser descontraída, para que o cliente entre e fique à vontade. No Eataly ele pode circular como em um museu, conhecendo o espaço. É um projeto generoso em questão de ambientes e informações”, finaliza Torrano.
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