O Apartamento Mostardeiro caracteriza-se por sua constante relação entre passado e presente, a contar de sua localização em um prédio de arquitetura modernista construído nos anos 1960, no tradicional bairro Independência, em Porto Alegre (RS). Em 2015, com a chegada dos novos moradores – a arquiteta Paula Otto, do escritório Arquitetura Nacional, e seu marido publicitário –, a unidade foi revitalizada.
A proposta para a reforma consistiu na restauração das características originais do apartamento e, ao mesmo tempo, na modernização do layout e da decoração. E assim se fez o projeto: uma mistura dos traços de cada época.
Segundo Otto, o Apartamento Mostardeiro estava completamente descaracterizado devido às intervenções que ocorreram ao longo do tempo, como as inúmeras camadas de pisos e os revestimentos sobrepostos. Era preciso, portanto, repaginar o imóvel, adaptando-o ao estilo dos moradores.
Dessa maneira, alguns elementos do projeto original foram mantidos e restaurados, como o piso de parquet e as esquadrias. Outros ambientes – como a cozinha – receberam novo material, porém similar ao existente no restante do apartamento. Também foram preservados os armários embutidos originais que, de acordo com a arquiteta, dificilmente são encontrados nos projetos contemporâneos.
Na atualização do layout foram verificadas as maiores mudanças no Apartamento Mostardeiro, sobretudo em relação ao banheiro e à cozinha – esta, como explica Otto, segue conectada à área social, de modo que a antiga pia (direcionada para a parede) foi convertida em uma ilha. Da mesma forma, o antigo dormitório de serviço, que estava totalmente sem uso, foi eliminado e sua metragem agregada ao living.
Quanto ao banheiro, a arquiteta tinha duas objeções: o espaço era excessivamente amplo e estava descaracterizado, com o revestimento de azulejos azuis. Assim, o ambiente foi dividido em dois, resultando em um banheiro funcional e um lavabo que se volta para a sala.
Apesar das mudanças no layout e nos materiais, o grande recurso que dá personalidade ao imóvel é a decoração. O motivo é simples: o casal de moradores possui uma coleção de móveis e objetos de design que são herança de família ou foram arrematados em viagens, antiquários e ferro-velho. “Esses elementos permeiam a casa toda e, com a ajuda da paleta de cores escolhida, criam um espaço harmônico, fluido e visualmente rico”, comenta Otto. O teto amarelo e a parede preta criam um constraste em meio ao pano de fundo neutro que prevalece no imóvel.
A mesa de centro, a porta do lavabo e o galo dos ventos são algumas das peças antigas que se misturam ao mobiliário contemporâneo. Muitos deles, inclusive, foram desenhados pelo escritório, como é o caso da estante de madeira laminada da TV e as prateleiras em melamina branca do escritório. Deixando de lado os móveis sob medida, a arquiteta conta: “a ideia foi preparar a casa para que ela possa se reinventar ao longo dos anos, sem ter de passar por maiores mudanças”.
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