Construído há mais de dois séculos, o hotel São Lourenço do Barrocal passou por um longo processo de restauração, com projeto assinado por Eduardo Souto de Moura.
O empreendimento está localizado no ponto mais alto da Reserva Dark Sky, em Monsaraz (Alentejo-Portugal). Rodeado por campos de sobreiros e de oliveiras, e com o famoso lago Alqueva ao fundo, ele proporciona aos hóspedes um lindo cenário, principalmente ao pôr do sol, quando a região ganha tons dourados e alaranjados, e à noite, quando se consegue ver a via láctea a olho nu.
A história começou há mais de 200 anos, quando essas terras portuguesas abrigavam uma pacata comunidade autônoma. Porém, em 1974, com a Revolução dos Cravos, a população se dissipou e boa parte da construção original do hotel se perdeu.
Quando o administrador e empresário José Uva, herdeiro da oitava geração da família, decidiu repaginar seu empreendimento familiar, convidou historiadores, paisagistas e antropólogos para trazer de volta a originalidade e a memória. O ponto de partida para refazer a propriedade foi um recorte de jornal de 1927, a partir do qual foi possível resgatar suas características originais.
“Dois fatores foram importantes no processo de restauração: o lago Alqueva e as vistas para a cidade de Monsaraz”, frisa o arquiteto português.
Desde o início do projeto (2002-2007) até o término das obras (2008-2016) foram 14 anos de espera para que o novo hotel São Lourenço do Barrocal abrisse suas portas e trouxesse de volta à região o antigo estilo de vida rural e pacato, intrínseco na arquitetura minimalista, artesanal e histórica.
O extenso programa do hotel foi organizado em sete edifícios, dispostos ao longo de um arruamento central, e definidos em dois conjuntos: norte e sul. O conjunto norte – implantado em 4.144 m² – abriga dois blocos: uma antiga construção no estilo industrial e oficinal e o prédio das alfaias. O lado sul é composto por cinco pavimentos: a casa principal, os pavilhões agrícolas, o pombal, o canil e a pocilga – abrangendo juntos uma área de 3.810 m². Ainda ao sul, há uma horta – que ocupa 20.333 m² do terreno – que abrange a antiga casa do hortelão, construída em 34 m², e uma piscina exterior, implantada junto a um barrocal.
Ao todo são 22 quartos, duas suítes e 16 casinhas – independentes da casa principal – que atendem bem às necessidades dos hóspedes. Todos receberam forro de madeira para conforto térmico em estações mais frias, janelas para trazer iluminação natural, e todos os banheiros foram decorados com muito charme.
Os aposentos com programas mais amplos possuem salas de estar e jantar, cozinhas e até escritórios, para quem viaja a trabalho ou estudo. Outros quartos são mais simples, mas não deixam de lado a decoração e os contextos históricos.
O hotel ainda dispõe de uma ampla área de lazer e convívio onde os hóspedes têm acesso à piscina, spa, adega, restaurante e bar, e há também um grande salão para receber eventos, reuniões e festas.
A parceria do arquiteto Eduardo Souto de Moura com o atelier Anahory Almeida – responsável pelo design de interiores – resultou em detalhes impressionantes. Toda a materialidade usada na reforma foi a mesma da original e a decoração dos espaços foi feita com elementos contemporâneos feitos por artesãos locais.
A cor predominante no projeto é branca, enquanto os tons vibrantes ficam por conta dos enfeites e do mobiliário. Além disso, a madeira, presente em praticamente todos os ambientes, tanto em áreas sociais como íntimas, incluindo os dormitórios, traz a sensação de conforto e é tida como ponto importante nos ornamentos.
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