Em 2003, a cidade de Santos (SP) passou por um processo de revitalização das áreas urbanas, com a aprovação do programa Alegra Centro. A princípio, a iniciativa estava focada no centro histórico, mas logo estendeu-se para outras regiões, como o bairro do Paquetá, onde fica o maior porto da América Latina. Assim como muitos edifícios ali implantados, o Almares – construído na década de 1970 – estava desativado, pois encontrava-se em péssimo estado de conservação. Somente em 2012, após ser adquirido por uma empresa que atua no ramo imobiliário, é que o empreendimento comercial foi recuperado, a partir do retrofit assinado pelo escritório Reinach Mendonça Arquitetos Associados. Com a intervenção, a edificação ganhou uma galeria de arte no térreo e um terraço que se debruça sobre a paisagem da zona portuária. Além disso, uma segunda fachada metálica que se transforma em cobertura não passa despercebida.
Segundo os arquitetos Henrique Reinach e Mauricio Mendonça, o objetivo do retrofit do Edifício Almares consistia tanto na recuperação total do prédio, quanto na revitalização do entorno. Assim, as ruas receberam novo asfalto e as calçadas foram alargadas. E, para melhorar o fluxo de parada de veículos, um terreno anexo foi adquirido.
Quanto ao edifício, a proposta era criar um design moderno – para acompanhar a revitalização do centro – e conceder uma nova função às lajes. Os profissionais comentam que tiveram dificuldades de preservar as estruturas existentes e proporcionar ao prédio todas as facilidades de ar-condicionado atuais, elevadores e pisos elevados, por exemplo. “Mesmo assim, toda a estrutura original foi mantida. As reformas foram basicamente de instalações, caixilhos e mudanças nas fachadas, cobertura e térreo”, citam.
De acordo com Reinach e Mendonça, o pavimento térreo do Edifício Almares era fechado e voltado para dentro, sendo utilizado apenas como abrigo de carros. A premissa para o andar, portanto, seria orientá-lo diretamente para a rua, oferecendo novas maneiras de o prédio dialogar com o exterior. Surgem, então, uma galeria de arte e um café envolvidos pelo generoso espelho d´água. Ali, o Armazém Cultural 11 exibe trabalhos de fotógrafos conceituados e qualquer pessoa pode visitar o local.
No último andar, as novidades continuam. Uma laje técnica cede lugar a um moderno auditório com capacidade para 60 pessoas, e um salão de eventos desfruta da vista para o mar. “Esse lugar agora funciona como espaço de convivência coletiva e de mirante sobre a cidade”, definem os arquitetos.
Um dos grandes destaques do retrofit do Edifício Almares é a “segunda fachada” apresentando-se como uma segunda pele, que protege a face oeste contra a forte incidência solar e segue até a cobertura para se transformar em um generoso pergolado.
Os elementos que cumprem essas funções são os brises metálicos, desenhados com rasgos horizontais na altura das janelas. Como afirmam os arquitetos, o alumínio foi escolhido pela boa performance no quesito durabilidade em áreas de maresia. Já na “primeira pele”, permanecem os revestimentos em pastilhas.
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