A Casa entre Árvores foi desenhada pelo Ateliê de Arquitetura Líquida de forma singela e encantadora numa região extremamente arborizada na Zona da Mata Mineira, em Juiz de Fora (MG). Totalmente direcionada para a paisagem, a residência foi construída sem que uma árvore fosse removida do terreno de 660 m², onde está inserida.
Além da forte conexão com a natureza, a morada transmite total sintonia com o estilo de vida de seus moradores. Os arquitetos André Miguel Coronha e Naiara Valéria explicam que estas foram as principais intenções quando idealizaram o projeto arquitetônico. “Os proprietários são pessoas muito resguardadas, mas procuravam uma arquitetura contemporânea e que se encontrasse em diálogo com a mata”, contam.
Para realizar o desejo dos clientes, a planta da residência foi desenhada com um traçado não ortogonal, de forma que sua estrutura contornasse todas as árvores. Esse detalhe fez com que a implantação acontecesse de forma contínua e natural, sem comprometer a integração entre os ambientes e o contato com a vegetação.
Segundo os arquitetos, os moradores queriam uma residência térrea num terreno que possui desnível de 4 metros em relação à rua, portanto, para melhor aproveitamento da topografia, o programa foi organizado em 200 m² e dividido em três níveis, que seguem a cavidade original.
O primeiro nível (acesso à casa) é marcado pela garagem e por uma varanda – que funciona como porta de entrada mutável e faz a transição entre os espaços, integrando as áreas sociais, de serviço e íntimas. A integração entre esses setores traz o verde para dentro dos ambientes internos e elimina a sensação de estar dentro ou fora.
O segundo nível está 54 cm abaixo do acesso e abriga as salas de estar e jantar, cozinha e serviços. Seguindo adiante, encontra-se o setor íntimo, que, ao se abrir para o jardim, proporciona maior privacidade aos moradores. “Pensamos nos ambientes como uma vivência em conjunto. A própria arquitetura da sala funciona como algo integrador; na cozinha, a arquibancada pode acomodar as pessoas, que sempre são conectadas com o interior e exterior”, comentam Coronha e Valéria.
O paisagismo foi pensado pelos próprios moradores e conta com árvores frutíferas e plantas da família das aráceas, como a costela-de-adão.
O projeto estrutural da residência foi desenvolvido com base em três sistemas construtivos. A garagem, as salas e a cozinha foram revestidas com concreto armado convencional, além de uma cobertura metálica, que foi aplicada para uni-los na intenção de vencer o vão da varanda. O lado íntimo foi construído em alvenaria estrutural (apenas para suportar a laje plana de concreto).
As fachadas são direcionadas por dois blocos cegos rotacionados e uma cobertura descolada, posicionados de modo que não revelam o interior da casa.
Além disso, foram utilizados materiais que complementam a cor da estrutura metálica, como o revestimento de tijolinho e a madeira.
Para fortalecer ainda mais a ligação entre ambientes externos e internos, os arquitetos escolheram usar o compensado naval para a produção dos móveis. Todo o mobiliário fixo foi desenhado pelo Ateliê de Arquitetura Líquida, entre eles a escada que se transforma em rack, os móveis do escritório, os armários da cozinha, com a ilha e a mesa de jantar, que foi feita com o tronco de uma árvore retirada do terreno.
Por fim, cada parte da casa recebeu uma iluminação apropriada para seu ambiente. O grande destaque ficou por conta das luminárias embutidas no telhado metálico – também desenhadas pelo escritório de arquitetura –, que, com o forro em compensado naval, criaram uma atmosfera mais aconchegante para os espaços de convívio.
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