Duetto

Dança emoldurada

Texto: Nuri Farias

A equipe criativa do escritório Angatu foi convidada para reformar um antigo galpão pré-moldado que abrigaria o centro de atividades artísticas e culturais Duetto, em Vitória (ES). O novo projeto arquitetônico foi concebido para abrigar aulas de ballet clássico, coral, dança de salão, exposições artísticas e artes marciais.

O retrofit do espaço, assinado pelos arquitetos Juliano Pinto, Nathan Guimarães, Clara Nahas e Rovena Daher, foi concluído em 2016. “O intuito foi harmonizar e conectar o projeto com o entorno”, contam.

Retrofit

A fachada de alvenaria estrutural do antigo galpão foi totalmente demolida para dar lugar a um fechamento em concreto aparente com novas aberturas. De acordo com o escritório de arquitetura, o material escolhido equilibra as cores do exterior e deixa a edificação atemporal, valorizando as esquadrias desalinhadas.

A vista é livre para as atividades que acontecem nas salas de aula. As esquadrias emolduram o que acontece do lado de dentro, criando efeitos de cena para quem passa pelo lado de fora e observa o espaço.

A rampa de acesso do térreo contorna a chegada à Duetto ao redor de uma jabuticabeira, conectando o espaço à entrada para o estabelecimento. “Seguindo esse caminho está a passagem lateral do terreno. Por ela é que se chega ao centro de atividades, que está localizado no pavimento superior”, mencionam os arquitetos.

Revestimentos e materiais

Os materiais que revestem o interior do projeto criam uma atmosfera calma, aconchegante e de encontro para os usuários. A escada bordô – que leva ao escritório das proprietárias e às salas de atividades – e os rasgos nas paredes e no teto impactam e guiam os alunos ao salão principal.

O café – ambiente de descontração, de conversas e descanso – recebeu piso de cimento queimado, paredes de tijolinho, telha metálica e teto revestido com chapas de compensado. Esse conjunto de materiais manteve um clima leve e adequado ao local.

A estrutura metálica nas salas das atividades foi mantida e restaurada. “Preservar a estrutura agregou valor ao conceito industrial que aplicamos ao projeto. Além de parecer com os antigos galpões e lofts nova-iorquinos”, explicam os sócios.

As janelas são o ponto forte da conexão entre o interior com o entorno, trazendo para as salas de aulas as áreas verdes da região e sensação de estar dentro da copa de uma árvore.