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Residência Ibiúna MP

Residência Ibiúna MP
Voltada para uma represa e rodeada pela Mata Atlântica, a Residência Ibiúna MP acomoda com conforto e privacidade os moradores e seus hóspedes. Madeira, pedra e tecidos se destacam no projeto, assinado pelo dt.estudio. Imagens: Fran Parente
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Despojada e aconchegante

Texto: Nuri Farias

As árvores do município de Ibiúna, na região metropolitana de Sorocaba (SP), parecem abraçar esta morada projetada pelo escritório dt.estudio. Batizada de Residência Ibiúna MP, a construção interfere minimamente nas áreas verdes da Mata Atlântica que a rodeia e, a pedido dos moradores, tem o fundo voltado para a represa local.

O projeto arquitetônico foi construído num terreno de 1.450 m² com um considerável desnível entre a rua de entrada e a parte de trás do lote. Para que a volumetria não ficasse grosseira e se tornasse parte da natureza, respeitando todas as espécies de árvores existentes, o programa foi organizado em diversos planos que se completam conforme a descida do solo, criando uma conexão visual entre os meios-níveis e o pé-direito duplo da sala e da cozinha, transmitindo leveza estrutural.

O arquiteto coautor Guelo Nunes (Guelo Nunes Arquitetura) conta que tinha uma aroeira bem na ponta da casa e que, após a implantação, foi preciso desviar um pouco o terraço para conseguir comportá-la. As palmeiras também são bem predominantes e havia uma bem grande próxima à cozinha. “Conversamos com o pessoal da ITA Construtora sobre como fazer com que o telhado tivesse um recorte para não pegar nessa árvore”, recorda o arquiteto Luis Felipe Bernardini (dt.estudio).

Programa em níveis

Para garantir privacidade, a casa se volta mais para o terreno e para as próprias áreas internas Foto: Fran Parente

Os proprietários pediram que a Residência Ibiúna MP tivesse um programa extenso, organizado em 680 m², para que comportasse não só eles, como também familiares e amigos, de forma confortável e com privacidade. A ideia foi setorizar de forma que, quando os moradores não estivessem com visitas, a casa não ficasse com a impressão de vazia, por isso o setor dos hóspedes é separado dos demais.

Um dos desafios enfrentados durante a obra foi como encaixar o layout numa volumetria que não fosse muito vertical e que conseguisse integrar a natureza. A solução foi escalonar o terreno e distribuir a casa em meios-níveis.

As áreas sociais – salas de estar, jantar, TV e cozinha – dominam todo o térreo, também chamado de intermediário. A cozinha precisava ser integrada e por isso recebeu portas de correr, que podem ser completamente abertas ou fechadas, dependendo da necessidade.

Ainda nesse pavimento tem a ampla varanda, localizada no mesmo nível da piscina. Com borda infinita, ela foi desenhada como um espelho para refletir a mata do entorno. Como o cliente queria ter uma jabuticabeira em casa, os arquitetos criaram um pátio para trazer luz nas circulações desse setor e poder implantar a árvore.

Descendo meio andar, na parte debaixo e mais afastada, foram dispostas as três suítes para os hóspedes e a garagem (separada do social). Já no andar inferior ficam a sauna e o deck em meio ao jardim.

Subindo meio nível, foram colocadas as duas suítes e a sala de TV da família. A implantação no terreno considerou a orientação dos dormitórios (voltados para o norte) e local da piscina, que não pega a sombra da casa e recebe sol em boa parte do ano.

Em relação às aberturas, para garantir privacidade, a Residência Ibiúna MP se volta mais para o terreno e para as próprias áreas internas.

Estrutura mista

A estrutura da casa foi trabalhada de forma mista, visando agilizar a obra e minimizar o desperdício de elementos. As fundações e o piso inferior são em concreto, feitos com placas grandes de cimento pré-moldadas. Do térreo para cima, foram usadas estruturas pré-fabricadas de madeira aparente, escolhida por ser um material forte e com presença aconchegante.

Pedraria especial

Um dos tios da moradora foi responsável por trabalhar com a pedraria usada na parede interna da sala de estar e nos muros externos Foto: Fran Parente

A materialidade da casa foi escolhida a dedo. O tijolinho marca alguns volumes na base de estrutura convencional de concreto. A pedra também foi muito usada, como nos muros da área externa e na parede interna da sala de estar para se destacar atrás da lareira. O recurso de pedraria foi trabalhado por um tio da moradora, da escolha do material à aplicação.

A casa recebeu dois tipos de telhado: no bloco da cozinha e sala de TV, há um teto em uma água com telhas de barro; já nos outros volumes, foram aplicadas coberturas planas com manta.

Detalhes pontuais

O projeto de iluminação, desenvolvido em parceria com a empresa Lumini, criou diversos cenários para valorizar a estrutura da casa. Foi criada uma peça especial para iluminar a sala de estar, e outra com luz direta e indireta, montada sobre os andaimes externos para destacar à noite.

Nunes conta que quando começaram a conversar com os moradores a respeito do projeto de interiores, viram que eles queriam algo que completasse o conforto do deck. “Ao mesmo tempo que buscavam materiais bem despojados, queriam aconchego”, comenta.

Por essa razão a madeira foi bastante usada, que se contrapôs ao piso frio e pode ser explorada em diversas partes. Trabalhar com tecido também ajudou a criar uma atmosfera acolhedora e ao mesmo tempo rústica para a residência.

Escritório

  • Local: SP, Brasil
  • Início do projeto: 2015
  • Conclusão da obra: 2017
  • Área do terreno: 1450 m²
  • Área construída: 680 m²

Ficha Técnica

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