O bairro Jardins, em São Paulo (SP), é conhecido por abrigar residências unifamiliares e ser permeado por uma vasta quantidade de árvores. Foi considerando esses pontos que a arquiteta Monica Drucker desenhou e deu vida à imponente Casa M Jardins, uma morada organizada em dois pavimentos, com amplas aberturas envidraçadas e um pátio interno envolvido por um belíssimo paisagismo.
Os moradores desejavam ambientes livres e integrados com o entorno. Quando convidaram a arquiteta para projetar seu novo lar, pediram que o layout imprimisse as características de outra obra de sua autoria, o Makenna Resort, um hotel localizado em Itacaré (BA), onde o exterior se funde com o interior.
A informalidade e a fluidez do programa da Casa M Jardins surpreendem tanto os moradores quanto seus visitantes. Ao entrarem, pensam que estão dentro, mas de repente são levados para fora de novo. Esse planejamento também ajudou bastante na troca de ventilação entre os espaços, deixando a residência mais arejada.
O terreno original possuía um talude de 4 m de altura em relação ao nível da rua, além de um outro talude mais baixo no mesmo ponto da rua. A área edificada da casa foi organizada em 550 m² e dividida em dois pavimentos – térreo e superior. “Construí a casa praticamente como térrea, no platô superior, para que tivesse toda a integração com o verde, tanto a paisagem de fora como céu e ar, e na parte de baixo está o setor de serviços”, diz Drucker.
Mesmo extensa, a residência foi projetada para ser compacta. O térreo abriga as instalações técnicas e de serviços, garagem, depósitos e dependências dos funcionários com copa. O acesso para o segundo andar é feito por escadas internas e externas.
O andar de cima foi implantado na parte mais alta do talude, que se projeta em balanço sobre o térreo. Toda a extensão desse andar foi disposta em torno do pátio central. A planta inclui lavabo, escada interna, copa-cozinha e uma sala íntima, além de duas alas paralelas a essa via externa. Procurei abrir todos os ambientes com portas bem grandes e que fossem praticamente retráteis para ter fluidez integral Monica DruckerA ala mais próxima à rua recebeu um amplo salão com estar e jantar, home theater e aconchegantes varandas. Já a parte dos fundos ficou destinada para as quatro suítes, incluindo a suíte máster.
Ao contrário dos demais ambientes, que ficam sempre visíveis e conectados, a cozinha foi projetada para ser um pouco escondida. Mesmo assim, foi trabalhada dentro do conceito da casa. “Tem também a área das crianças, com televisão, e uma sala enorme com, mais ou menos, 13 m de largura, sem pilar e que se abre para as árvores da rua e para o pátio – o coração da casa”, menciona a arquiteta.
A fusão da arquitetura com a paisagem ajuda a trazer bem-estar à Casa M Jardins. Isso fica bem nítido no pátio central, com seu jardim vertical, suas árvores e pequeno gramado. É ali também que se encontra a piscina com transbordo em toda a sua volta, promovendo sensação de espelho d'água que reflete o jardim.
Para integrar essa área com o restante da residência a arquiteta usou extensas portas de correr envidraçadas – só na fachada frontal foram 12 portas pivotantes de vidro. “Procurei abrir todos os ambientes com portas bem grandes e que fossem praticamente retráteis para ter fluidez integral”, completa Drucker.
Concreto, aço, madeira e vidro foram materiais marcantes na construção. No piso, a preferência foi pelo mármore travertino levigado romano, usado tanto na área interna quanto externa.
Um dos destaques do projeto são os brises da suíte máster, que funcionam ora como quebra-sol articulável, modulando a entrada de luz até a sua vedação total, ora como portas de abrir.
Nos ambientes internos, as paredes de concreto ripado aparente contrastam com a leveza dos grandes panos de vidro, que se abrem completamente para o pátio. Para acentuar a entrada de luz da grande sala frontal (face leste), foi concebido um conjunto estruturado por um pergolado metálico com vidros na cobertura e portas pivotantes igualmente em vidros transparentes. Esse conjunto proporcionou uma inusitada interação com a copa das árvores, que invadem o interior.
A casa conta com reúso de águas pluviais, captação de energia solar, ventilação cruzada, janelas com tratamento térmico, isolamento térmico de poliestireno na cobertura, controle digital de iluminação, madeira reciclada, entre outras medidas de arquitetura verde. “Ela foi pensada numa forma prática de conservação e é toda automatizada”, conclui Drucker.
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