Ladeada pela vegetação nativa de Viamão, região metropolitana de Porto Alegre (RS), a Casa da Mata foi construída em constante harmonia com o entorno. Seu processo de concepção seria pautado, entre outras coisas, nas necessidades e desejos do morador se não fosse por um motivo: arquiteto e cliente eram a mesma pessoa. À frente do Departamento de Arquitetura há mais de 13 anos, Rodrigo Gamboa se propôs o desafio de confrontar dilemas pessoais e profissionais na hora de projetar o lar dos sonhos e reduto de sossego que hoje abriga sua família.
Projetada com sensibilidade notória, a residência foi, de forma linear, inserida em um platô central no lote de 330 m² localizado em Viamão, Rio Grande do Sul. Desde os rabiscos e desenhos do escritório, fazer da edificação mais um elemento na paisagem era uma característica evidentemente desejada. Afinal, além de ser emendado à mais densa área de vegetação do condomínio, o terreno escolhido é estreito e em desnível, características condicionantes da implantação.
Fiel e surpreendente, o resultado foi um lar unifamiliar construído com pouco impacto e grande integração ao entorno abundante em natureza. “Nós desviamos as contenções de muro e fizemos uma proteção nas raízes da árvore mais próxima, uma jovem figueira. Também conseguimos preservar duas palmeiras jerivás”, conta o arquiteto Rodrigo Gamboa.
Mesmo em um breve contato com a fachada frontal, vê-se a disposição do volume superior que se estende e se equilibra formando dois balanços, um em cada extremidade do terreno longínquo – formato apreciado por Gamboa.
O programa se desenvolve em área social, que integra estar e jantar no térreo. No segundo pavimento está a área íntima – distribuída em três quartos e uma suíte –, ambas intencionalmente voltadas para o norte como um mirante da floresta. Em contrapartida, as áreas de serviço foram estabelecidas na face sul da residência.
Em termos de materiais, as escolhas da equipe levaram equilíbrio ao conjunto estruturado em concreto. No papel de protagonista está a madeira cumaru, presente nos brises solares que circundam o lado voltado para a Mata Atlântica. Funcionando como proteção solar e conferindo privacidade à fachada norte, as ripas tocam suavemente a figueira, árvore símbolo desta área do Brasil.
A arquitetura é muito mais do que elementos decorativos caros, ela é simples e suplanta isso tudo Rodrigo Gamboa
Quase como uma antítese, o concreto completa a seleção de elementos com toque de rusticidade e aparece em contraste com o resistente revestimento metálico miniwave, instalado na fachada sul a fim de extinguir ou, pelo menos, minimizar os efeitos da umidade recorrente na região.
Trazendo permeabilidade visual e luz solar ao térreo, amplos e deslizantes panos de vidro duplo se abrem para transformar dentro e fora em uma única área, sem grandes choques, já que o projeto de interiores conta apenas com o necessário, seguindo a linha substancial da construção. “A arquitetura é muito mais do que elementos decorativos caros, ela é simples e suplanta isso tudo”, afirma Rodrigo.
Na área de lazer, caixilhos escuros emolduram o paraíso sereno que os proprietários chamam de quintal. Somada ao lazer, uma cadeira de balanço suspensa colocada ao lado da tradicional churrasqueira gaúcha, permite descansar sob a visão do céu, da densa vegetação e da límpida piscina revestida por largas pastilhas de coloração verde vulcânica.
Situada em uma região conhecida pelas constantes temperaturas frias, a morada conta com uma lareira ligada a dutos de ar que aquecem os dois pavimentos. Nos dias mais amenos, o sistema de ventilação cruzada nos dois sentidos permite a entrada e circulação de ar fresco.
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