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Restaurante Villa Giannina

Restaurante Villa Giannina
A reforma no novo endereço teve mais que a preocupação de aumentar a área e preservar a identidade do restaurante. Era preciso cumprir uma lista de exigências que incluía manter a fachada e as cores da varanda e da cobertura intactas. Imagens: Jomar Bragança
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Reforma desafiadora

Texto: Tais Mello

Realizar uma reforma pode se tornar mais complicado do que parece. O case do Villa Chiari, em Belo Horizonte, retrata muito bem isso. Ao mudar para um edifício residencial, no bairro de Santo Agostinho, o restaurante passou de fartos 740 m² para mais que generosos 1.100 m² de área e ainda ganhou vizinhos ilustres como os jardins do Burle Marx.

Era necessário aumentar os serviços e os lugares, mas precisávamos resgatar o ambiente acolhedor próprio do restaurante, usando decoração mais cleanDavid GuerraTudo parecia perfeito até o escritório David Guerra Arquitetura e Interiores se deparar com uma extensa lista de exigências imposta pela construção: não mexer na fachada, inclusive esquadrias; não alterar o jardim do prédio; respeitar as cores do edifício na cobertura da varanda na entrada e submeter os sistemas de acústica e exaustão à aprovação de uma equipe especializada.

A mudança também impôs outros desafios. Havia características marcantes no antigo endereço que já faziam parte da marca e seria interessante manter. Antes, o restaurante desfrutava de uma varanda de 125 m², com uma cobertura de 25 metros lineares, cores fortes como verde-musgo e vermelho-sangue, além de materiais marcantes como bambu, madeira policromada, metal oxidado e grandes panos de vidro, responsáveis pelo impacto visual. “Sem contar que a varanda era o local mais disputado pelos frequentadores”, ressalta David.

Nova ambientação

No novo cenário, a varanda estava limitada a 40 m² e nos 10 m lineares havia apenas uma esquadria de 6 m de largura. Esteticamente o local teria de seguir o padrão de cores do edifício: cinza, prata e branco. David explica que foi preciso muita negociação para avançar nesse quesito.

“Conseguimos aplicar o bambu embaixo da cobertura, inserir o piso de presilha de ferro fundido utilizado nos trilhos ferroviários – aproveitado do antigo restaurante –, implementar um isolamento de vasos de plantas, feito de concreto colorido, e trocar a porta de entrada de alumínio por uma de madeira peroba do campo, importante para marcar a entrada e trazer mais aconchego ao local”, expõe.

A construção anterior era compartimentada por paredes e pilares, criando vários ambientes e uma Criou-se um setor de mesas demarcado pela estrutura de madeira e palha e por algumas luminárias pendentes David Guerra acústica adequada. “Tínhamos um clima de vila italiana intimista e aconchegante. Já a nova loja era um grande salão aberto sem divisões, que mais parecia uma área de exposição”, descreve o arquiteto. “Mantivemos o espaço aberto porque era necessário aumentar os serviços e os lugares, mas precisávamos resgatar o ambiente acolhedor próprio do restaurante, usando contudo, uma decoração mais clean, limpa”, reflete David Guerra.

Planta em leque

Outro desafio era aproveitar elementos básicos como mesas, cadeiras, balcões, grades, painéis de madeira, luminárias e até o piso da varanda, criando uma atmosfera sofisticada com alusão aos elementos da vila, mas sem repetir as soluções anteriores. Assim, boa parte do gesso e do piso de granito permaneceu.

O layout estava preso a várias situações: a planta em leque em volta da caixa de escada do edifício; a integração da área hidráulica, uma vez que já havia pontos nessa área; e a presença de diversos pés-direitos e pilares. O arquiteto explica que a configuração determinou o eixo de distribuição de mesas e balcões, reforçados pelo tablado de madeira antiga.

“Criou-se um setor de mesas demarcado pela estrutura de madeira e palha e por algumas luminárias pendentes – solução usada para esconder um dente da laje”, declara. A palha vazada do forro ora é iluminada por plafon de fluorescente amarelada, ora por pendentes de papel de arroz. O artifício dá origem a uma atmosfera de quadrados iluminados.

Já os painéis quadriculados de madeira refletem agradavelmente nas paredes e ajudam na acústica, pois são revestidos. O reflexo remete à estampa xadrez das toalhas típicas de vilas italianas. O xadrez se repete na palha e nos painéis reciclados do guarda-corpo de metal oxidado, vindo do antigo restaurante.

Escritório

  • Local: MG, Brasil
  • Início do projeto: 2007
  • Conclusão da obra: 2007
  • Área construída: 1.100 m²

Ficha Técnica

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