Em 2009, o Sesc São Paulo promoveu um concurso para eleger o escritório que seria responsável pelo projeto do Sesc Guarulhos. O vencedor foi o Dal Pian Arquitetos, que buscou primeiramente entender a filosofia de atividades do complexo. Ao todo, foram 10 anos – do início do projeto à construção – desenvolvendo o edifício.
O complexo de atividades se estrutura em torno de uma grande praça de convivência que recebe os fluxos externos, organiza e distribui as áreas esportivas, culturais e da saúde.
Logo na entrada, é possível contemplar e entender todo o programa do edifício. “Uma vez que o visitante está nesse grande espaço, ele tem à frente rampas, pontes e passarelas debruçadas sobre a praça que o conduz aos três pavimentos, além de um amplo jardim”, explica Renato Dal Pian.
No térreo fica a central de atendimento e os espaços de tecnologia, artes e diversão para crianças entre 2 e 10 anos. Além disso, abriga a odontologia, um espaço para exposições e a sala jovem – que é um espaço mais descontraído para bate-papo. No final da praça, concluindo esse espaço central, está o ginásio de esportes que comporta mais de 600 pessoas, sendo que em shows chega a receber quase 4 mil.
No andar superior, estão concentrados o foyer do teatro com 350 lugares, a comedoria, a biblioteca, a administração e a estação de educação ambiental. Ainda no pavimento, os visitantes têm acesso às piscinas (coberta e descoberta) e a um jardim que permeia toda a lateral do projeto.
O último andar acomoda a academia, a sala multiúso e o centro de música – uma área com 1.200 m² – que organiza as salas de ensaios individuais e coletivos, salas de percussão, armazenamento de instrumento e auditório para atividades realizadas.
A nossa ideia era projetar um edifício extrovertido, percorrido pelo olhar, onde você pode ter perspectiva de todos os acontecimentos do entorno. Isso, para nós, foi a essência do projeto Renato Dal Pian“A nossa ideia era projetar um edifício extrovertido, percorrido pelo olhar, onde você pode ter perspectiva de todos os acontecimentos do entorno. Isso, para nós, foi a essência do projeto”, conta Renato.
O grande diferencial do projeto é a permeabilidade que ele proporciona ao olhar, culminando na integração dos espaços. Todas as áreas são bem providas de transparência, sendo que de um espaço é possível contemplar o que acontece em outro.
Permitir que as pessoas se sintam à vontade para percorrer, usar os espaços e ter o domínio de todos os acontecimentos da unidade foi a grande inspiração do time de arquitetos.
“Uma característica do edifício é que ele é bastante acolhedor. Os espaços são generosos e bem fluidos e isso contribui para que os usuários tirem o máximo de proveito desses ambientes”, ressalta a arquiteta Lilian Dal Pian.
Todo o mobiliário fixo e colorido foi desenvolvido pelo escritório juntamente com o Sesc. A equipe buscou projetar uma mobília que respeitasse e conversasse com a arquitetura existente. “O toque de cor ficou por conta da ambientação, do mobiliário e das próprias pessoas que vão colorindo os espaços”, diz Lilian.
Uma das características marcantes do Sesc são as obras de arte. Logo na entrada, em harmonia com a arquitetura, foi instalada uma escultura em gesso do artista Carlito Carvalhosa com um formato semelhante ao morro do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro.
No mesmo hall, inserido numa longa parede no segundo andar, está o painel criado por Adriana Varejão. Composto por sete grandes círculos com formas geométricas, a pintura evidencia a ampla gama de cores de pele dos brasileiros.
No ginásio de esportes há uma obra da artista Janaina Tschäpe, “Paisagem Desaguando”, que estabelece um interessante paralelo visual com o núcleo das piscinas. E na área externa, os carreteis de Eduardo Frota. Ao todo, mais de 15 autores tiveram suas obras expostas no complexo.
Para a cobertura, foi proposto o fechamento em vidro duplo com perfis metálicos e protegidos por um sistema externo de brises. As lâminas são reguladas mecanicamente e se inclinam de acordo com as horas do dia: nos momentos de maior insolação, os brises permeiam a luz, reduzem o calor e, ao mesmo, conferem uma atmosfera agradável.
No ginásio, a iluminação natural é reforçada pela utilização de extratores de ar envidraçados que são protegidos pelo para-sol da incidência solar direta.
O projeto de paisagismo foi influenciado pelo fato de o edifício receber certificação LEED. Isso norteou algumas ações para a redução do consumo de água e de energia, como o aproveitamento da água da chuva e a iluminação natural que permeia a vegetação.
Além disso, o edifício possui placas solares para o aquecimento de água, cisterna e estação de tratamento de esgoto.
Para o projeto da fachada, a equipe utilizou elementos opacos e de grande permeabilidade e transparência. Foram utilizados nesta área materiais tradicionais e de grande durabilidade e resistência, como vidro, concreto, metal e pedra.
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