Localizado em um prédio de arquitetura modernista na Avenida Paulista, esquina com a Rua Consolação, em São Paulo, o Bar Riviera foi aberto pela primeira vez em 1949 e viveu seus anos áureos nas décadas de 1960 e 1970. Nessa época, tornou-se um importante ponto de encontro de intelectuais da esquerda paulistana, um lugar de resistência declarada à ditadura militar brasileira. Ao final desses gloriosos anos, restou uma estrutura decadente, e o estabelecimento fechou suas portas.
Preservamos elementos originais do Bar Riviera como a escada com formato escultural, que conduz ao mezanino, local reservado à cozinha e ao grande salão do restaurante Marcio KoganContudo, sob a iniciativa e comando do empresário Facundo Guerra – sócio do Club Yacht e Cine Joia – em parceria com Alex Atala – chef do restaurante contemporâneo DOM –, o clássico point paulistano foi reaberto. Antes, contudo, passou por uma ampla reforma, comandada pelo Studio MK27, que abrangeu os 470 m² da construção. “Preservamos elementos originais do Bar Riviera como a escada com formato escultural, que conduz ao mezanino, local reservado à cozinha e ao grande salão do restaurante”, conta o arquiteto Marcio Kogan.
À frente da cozinha está o chef Luciano Nardelli, discípulo de Atala. No cardápio há opções de drinks tradicionais e pratos clássicos de bares de São Paulo, elaborados com toques criativos contemporâneos, a exemplo da própria arquitetura.
Por fora, linhas curvas moldadas pelos tijolos de vidro formam a fachada. A solução arquitetônica é simples e despojada, lembrando a linguagem modernista do próprio edifício Anchieta, no qual o Bar Riviera está instalado. Por dentro, esse design de linhas curvas replica-se e fica evidente logo na entrada do térreo, onde um bar com sinuoso balcão vermelho, feito de resina Corian, permeia todo o espaço com caráter informal, roubando a cena.
O formato orgânico favorece o layout e a visibilidade das pessoas no edifício. Kogan explica que a planta foi trabalhada a partir das linhas curvas do projeto. “A organização é feita por uma empena curvilínea de madeira que separa a área do restaurante de todas as áreas técnicas e de preparo.”
Garçons e barmen atendem no centro do Bar Riviera, ilhados pela bancada de Corian, mas com a atenção totalmente direcionada para a clientela em volta. Do outro lado do balcão, clientes sentem-se livres para explorar o espaço integralmente, uma vez que a ótima visão permite enxergar todos os presentes no recinto. Nesse piso também foram planejados os banheiros.
A arquitetura fechada – sem aberturas – e a informalidade na decoração comandam todo o piso térreo em uma clara intenção de receber os frequentadores de maneira descontraída, para que se sintam à vontade.
Já o piso superior abre-se para a rua por meio de grandes janelas envidraçadas e translúcidas. “Por elas é possível apreciar o coração de São Paulo; túneis, avenidas e edifícios, fortalecendo o vínculo com o entorno urbano”, reflete Kogan.
A arquitetura do Bar Riviera também propicia shows de música ao vivo, como se fosse um jazz club, todas as noites. Isso demandou um cuidado com relação à acústica, por exemplo. O projeto comporta um espaço com total infraestrutura para concerto e dispõe de um palco desmontável no centro. “Há um forro acústico de madeira e uma sala de controle de luz e som, imprescindíveis em produções musicais.”
Em comum, os dois pavimentos têm a linguagem simples e despojada, sem luxos e ostentação, buscando-se manter as características originais da edificação. A iluminação indireta também é uma característica de todo o espaço. Ela existe tanto na peça central – onde acontecem os concertos – quanto nas prateleiras embutidas em painéis de madeira.
No mobiliário do Bar Riviera, existe uma mescla entre peças de estilo clássico e design moderno. Exemplo disso são as banquetas Bertoia presentes no térreo, além da cadeira Série 7, dinamarquesa, de Arne Jacobsen. No espaço, a madeira escura reveste as paredes criando uma ambientação acolhedora, indispensável quando se trata de um bar.
O acabamento do piso é de granilite, com balcões de resina e pedra. Marcio Kogan explica que a praticidade e resistência falaram mais alto na hora da escolha desses materiais, uma vez que a durabilidade é imprescindível, por causa do uso intenso dos espaços. “Prático também é o layout, possível de ser mudado sempre que for necessário, de acordo com o uso”, conclui o arquiteto.
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