O conceito máximo de arquitetura, que preza não só uma construção inteligente, mas a relação desta com o entorno foi considerado do início ao fim no projeto das Casas AV, dos arquitetos do escritório Corsi Hirano, na cidade de Avaré, interior de São Paulo. O conjunto residencial de oito unidades, projetado em um terreno de 30 x 20 m, tem o espaço dividido em dois blocos perpendiculares à rua, criando uma área central de convivência para os moradores – um lugar de encontro para todos. O convencional seria dispor ao longo da via cinco ou seis casas, a partir da fragmentação do terreno Nas visitas de campo deparamo-nos com um contexto típico de cidade do interior. Estávamos diante de um bairro novo, calmo e horizontalizado, com praças e pessoas que mantinham uma intensa e gratificante relação com a rua e com os espaços públicos Daniel Corsi plano em lotes menores e independentes, repetindo a velha fórmula de ocupação urbana, caracterizada pela individualização das moradas. “Logo no início, ao realizar as visitas de campo, deparamo-nos com um contexto típico de cidade do interior. Estávamos diante de um bairro novo, calmo e horizontalizado, com praças e pessoas que mantinham uma intensa e gratificante relação com a rua e com os espaços públicos”, expõe o arquiteto Daniel Corsi. As Casas AV fundamentam-se por meio dessa premissa e da valorização do espaço público, utilizando uma arquitetura preocupada com o sentido coletivo, mas manifestada na propriedade privada.
O atraente cenário determinou a construção de residências compactas, modestas e econômicas, mas que privilegiam o lazer a partir de um pátio central coletivo de grandes proporções – se consideradas as dimensões do terreno. “Trata-se de um projeto com identidade própria, que resultou em uma proposta inovadora de habitação, aliando qualidade espacial e economia”, arremata Daniel. Articuladas duas a duas, com núcleos que abrigam as instalações e escadas, as casas foram rapidamente erguidas a partir do uso de concreto armado e lajes pré-fabricadas. Cada uma das unidades aproveita a dimensão do lote de maneira mais eficiente. Com o uso de técnicas tradicionais e contemporâneas, os fechamentos de alvenaria, caixilhos modulares, vidro, telhas metálicas e madeira refletem as condições construtivas e a diversidade de materiais locais. Caracterizada como uma obra heterogênea, os principais materiais utilizados foram o concreto armado, a alvenaria, a madeira e o metal. Buscou-se tirar partido da melhor condição de cada um, variando a aplicação entre estrutura, fechamentos e aberturas.
As condições climáticas locais conduziram o projeto ao uso de elementos construtivos que amenizam a incidência de calor e, consequentemente, preservam o conforto térmico no interior das residências. Exemplos disso são a cobertura em duas camadas e as venezianas presentes nos caixilhos, que Trata-se de um projeto com identidade própria, que resultou em uma proposta inovadora de habitação, aliando qualidade espacial e economia Daniel Corsi promovem a ventilação constante através dos espaços internos, principalmente onde a insolação é mais acentuada. No pavimento inferior, pátios e varandas são munidos por generosos beirais da cobertura, dando origem a áreas sombreadas e à proteção contra a chuva, além de amparar a residência da insolação excessiva própria da região.
No centro do conjunto habitacional, o vazio intermediário permitiu a orientação ideal das unidades, provendo iluminação direta em todas as casas, em vários momentos do dia. A definição dos limites construídos e não construídos configura, no pátio central coletivo, espaços de sombra e acolhimento. As casas contemplam, desde as varandas, até o espaço central, que traz a vizinhança para o seu interior, transpondo limites que poderiam caracterizar este conjunto residencial como propriedades fragmentadas. Para evitar poças d'água e alagamentos em temporada chuvosa, o piso desta área é permeável, o que possibilita a absorção da água de chuva diretamente no solo.
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