O prédio Geração Digital Santander foi criado para receber as equipes de desenvolvimento e tecnologia do Santander Brasil. “Ele foi pensado para ser palco de grandes inovações, numa atmosfera que transpira criatividade e tecnologia”, começa Fábio Mota, arquiteto e diretor executivo do Todos Arquitetura , escritório que divide a autoria do projeto arquitetônico com o Entre Arquitetos.
Ele foi pensado para ser palco de grandes inovações, numa atmosfera que transpira criatividade e tecnologiaFábio MotaAntes do processo de retrofit, a equipe já ocupava os mais de 47 mil m² do edifício, localizado em um loteamento de 90 mil m², em Interlagos, zona sul de São Pulo. Segundo Mota, o local era todo compartimentado, cheio de pequenas salas.
A intenção, portanto, era deixar aquela infinidade de m² mais moderna e contemporânea, de forma que ela colaborasse com o novo modo de trabalhar da empresa e refletisse a questão primordial da tecnologia. “Desde a concepção inicial teve-se a preocupação em integrar recursos tecnológicos para que o espaço se tornasse mais eficiente, tanto no aspecto energético quanto funcional.”
Alguns exemplos são as salas de reuniões, que possuem ar-condicionado, iluminação e reservas controladas por um app interno, e a iluminação externa – também automatizada – que se orienta pelo nível de iluminância natural. “Além disso, os plugins – espaços de trabalho ao ar livre – possuem teto-verde que melhora o arrefecimento do ambiente. Também utilizamos a captação da água pluvial para posterior reúso na rega e na limpeza”, comenta Vinícius Capella, do ENTRE Arquitetos.
Os escritórios se reuniram com funcionários e gerentes do banco para entender como eles se relacionavam com a empresa e como habitavam aquele local. A partir dessa colaboração, o complexo se desenvolveu com uma área verde e três ‘minicidades’: First Gate, Big Data e Colab.
No projeto de retrofit, o First Gate – prédio inicial – ganhou uma versátil pele metálica vermelha que atrai todos os olhares e conduz funcionários e visitantes até a nova recepção. Lá estão pequenos nichos de estrutura metálica vazada que recebem reuniões rápidas e bate-papos informais. “Esses espaços parecem flutuar e vão ao encontro do restante do mobiliário, que possibilita inúmeras combinações e novas formas de encontro”, conta Mota.
Para completar, a ausência de forro revela as estruturas técnicas do prédio, emolduradas por um preciso grid de iluminação linear em LED.
No prédio principal, o Big Data, as inúmeras salas, corredores e depósitos deram lugar a um enorme open space, a fim de reunir as equipes e gerar mais interações entre os grupos. Os quase 8 mil m² por andar foram setorizados em 4 bairros, onde a navegação do usuário é orientada pela paleta cromática da marca de forma bem intuitiva.
A maior mudança nesse pátio, segundo Mota, foi a retirada do forro existente – que permitiu revelar uma série de sheds industriais e aproveitamento da iluminação natural.
Espalhados no ambiente estão módulos autoportantes, com uma arquitetura apropriável, para que as pessoas possam fazer suas próprias reuniões. “Também criamos os plugins, que são essas estruturas leves que dão suporte para que as pessoas possam trabalhar também do lado de fora dos prédios”. Essas estruturas foram pousadas ao longo do percurso entre os prédios do complexo e, com quadro de ideação, Wifi e tomadas, tornaram os espaços verdadeiras áreas de reunião e convívio ao ar livre.
Além dos dois, há também o Colab, destinado a laboratórios criativos para equipes. No perímetro também foram distribuídas as salas chamadas de Lab. Com diferentes tipologias de mobiliário e layouts que fogem do lugar comum, as salas estimulam novas formas de trabalho, maior interação entre os funcionários e infinitas possibilidades de uso.
Apesar de o terreno contar com uma extensa área verde, as pessoas não frequentavam o jardim. “Um dos diferenciais desse projeto foi justamente conseguir levar pessoas a trabalhar do lado de fora.”
Entre as soluções, os arquitetos propuseram um auditório no qual uma das faces pode ser completamente aberta para o jardim. Também foram construídas praças, passarelas, mesas comunitárias e os plugins.
Essas intervenções criaram naturalmente um aspecto de campus universitário e trouxeram dezenas de benefícios. “Hoje eles têm inúmeras maneiras de trabalhar e diversas tipologias de espaço. Espaços mais integrados, espaços mais reservados, espaços internos e externos.”
Nos espaços internos, as áreas de trabalho e pesquisa são todas em LED, atendendo a todas as normas técnicas no que se refere ao índice de luminescência. Desenvolvido por Carlos Fortes, o projeto de iluminação alia a questão estética à tecnologia e eficiência.
Sobre o planejamento acústico, internamente foram utilizados carpetes no piso, jateamento de celulose no funde de laje e baffles acústicos nos locais de maior ruído, como as circulações principais. As salas de reuniões possuem vidro duplo acústico com colchão de ar, e as divisórias com chapa dupla de drywall com lã de vidro garantem privacidade.
“Considerando ser um retrofit, buscamos utilizar ao máximo as infraestruturas e elementos já existentes, adicionando pontualmente elementos em estrutura metálica quando necessários”, justifica o arquiteto.
Os principais elementos construtivos, como a marquise vermelha principal, as marquises de conexão entre os blocos e os plugins, foram feitos em estrutura metálica para que a obra pudesse ser mais limpa e eficiente, valendo-se das principais características de uma obra seca. Como o espaço é amplamente vegetado, optou-se por utilizar na pavimentação externa o piso em concreto drenante para que possibilitasse o máximo de eficiência na drenagem do solo.
O projeto foi pensado também sob a ótica de eficiência de custos, levando-se em conta a velocidade de execução e a otimização de custos decorrentes. Após o desenvolvimento do projeto, houve um trabalho de reengenharia de custos para se chegar a uma redução de 30% no valor inicialmente orçado.
Escritório
Termos mais buscados