Duas décadas depois do incêndio que ocorreu no edifício Andorinhas, em 1986, no Rio de Janeiro, nasce um novo empreendimento. Um prédio comercial, de alto padrão: a Torre Almirante, projetada pelo escritório Pontual Arquitetura. “A nossa ideia foi dar vida àquele local”, comenta o arquiteto Paulo Pires.
Para isso, o desenho que toma conta da fachada do edifício tem como principal apelo o elemento curvo, que marca a esquina. A Torre Almirante é caracterizada pela mudança no tom do vidro, que se abre como uma fenda, conforme ganha altura. Essa curva traz a sensação de movimento para a volumetria, onde prevalecem as superfícies planas.
Outro aspecto interessante é a solução encontrada para as duas faces planas, cada qual é voltada para uma rua. Ao contrário da parte curva, os trechos retos possuem quatro tipos de relação entre a estrutura e o caixilho. “A base, formada pelo térreo e o mezanino, tem o fechamento recuado, que forma uma galeria pública entre os pilares e o caixilho. Nos seis andares seguintes há uma área de transição, com os pilares demarcados quase formando uma grelha alinhada com os caixilhos. No andar acima, os caixilhos estão recuados dos pilares”, explica o arquiteto.
No restante do edifício, prevalece a superfície de vidro com marcações horizontais. Dessa forma, criou-se uma transição entre a galeria e os escritórios, sugerindo três percepções possíveis do prédio: a galeria, o observador próximo e a superfície de vidro. O desenho da fachada é o que torna o empreendimento marcante, sendo o elemento mais expressivo da construção.
O volume externo, que parece um grande maciço, esconde uma planta em L e bem iluminada. Sua curva ascendente acentua a verticalidade do edifício, fazendo que ela pareça ter mais do que 120 metros de altura. “De dia, a curva sobressai pelo contraste da cor. E à noite, pela iluminação com milhares de variações de cores manipuladas por um software”, conta.
Para o forro do lobby e do hall, a proposta original era o revestimento com folhas de ouro. Mas, na época, os arquitetos não encontraram no Brasil uma empresa que executasse tal especificação. A alternativa foi substituir o material por delgadas folhas de alumínio, que também produzem um belo efeito.
O prédio possui 36 pavimentos com lajes planas que medem cerca de 1.200 metros quadrados cada uma. A estrutura do edifício foi feita em concreto protendido, com pilares concentrados na periferia da laje.
A distância necessária entre o piso e o forro tornava inviável o condicionamento de ar pelo teto. Por isso, o arquiteto desenvolveu um sistema de ar condicionado através do piso. “O sistema permite abrir e fechar as grelhas individualmente e, quando isso ocorre, a central reconhece e reduz automaticamente o insuflamento. A medida baixa o consumo de energia e evita a formação de ilhas de gelo ou de calor em determinadas partes do edifício”, finaliza Paulo.
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