No centro da cidade de São Paulo, duas intervenções urbanas tomam corpo. Uma é o Centro Aberto São Francisco e a outra, é o Centro Aberto Paissandu. Ambas fazem parte do projeto Centro Aberto, cujas ações são realizadas em parceria com o Itaú, que apoia a Prefeitura de São Paulo na proposta de reurbanização da área central da cidade e a colaboração do escritório de arquitetura METRO Arquitetos Associados. O objetivo é transformar as estruturas existentes e renovar as formas de uso, fortalecendo o domínio público em seus locais de atuação. Durante dois meses, nos espaços públicos, as novas soluções em escala real serão testadas, e só então haverá alterações permanentes.
Mesmo provisórias, as mudanças realizadas nessas áreas permitem aos cidadãos e usuários vivenciar um pouco das transformações planejadas a longo prazo. Também estão abertas à população discussões em torno de alternativas urbanísticas para a área central. Os projetos, fundamentados em workshops realizados por iniciativa da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, têm consultoria metodológica do escritório dinamarquês Gehl Architects.
Com o foco na reurbanização do centro de São Paulo, foram desenvolvidos pontos principais usados como base para cada um dos projetos. São ações de proteção e priorização de pedestres e ciclistas, de suporte à permanência no espaço público e ações de atração de público e ativação dos locais púbicos.
Esta proposta de intervenção também é conhecida e designada de Parklet. De acordo com o projeto, os espaços centrais passarão a ter equipamentos amigáveis à população, como bancos em muretas e canteiros, decks de madeira com guarda-sol e cadeiras de praia, equipamentos de lazer e ginástica. Tudo isso acompanhado de uma programação cultural que inclui feirinha gastronômica, shows, projeções de cinema e vídeo e karaokê. A programação pode ser acompanhada pela página do evento no Facebook.
Para o arquiteto Gustavo Cedroni, da Metro, desde o início a equipe teve a impressão de que o projeto de cada praça deveria ser tratado de maneira diferente. “Isso acontece porque cada uma possui características bem distintas. Assim, realizamos duas propostas.”
Para o São Francisco foi criado um projeto mais monumental e cívico. “A justificativa é não haver habitação no entorno, e sim Faculdade de Direito, órgãos públicos e prédios tipicamente comerciais. Assim são poucas propostas e grandes intervenções”, conta Gustavo. O grande deck serve de suporte a acontecimentos compatíveis com a escala do lugar. Um único e grande elemento que concentra todas as atividades. Na programação, há feira de comidas, festas, shows e cinema, eventos articulados para concentrar um grande número de pessoas.
Neste perímetro, o desafio era acomodar o projeto ao longo de um entorno com diferentes tipologias. “São habitações, comércio, hotéis, edifícios comerciais e institucionais e a Galeria do Rock. Para propor diferentes ações para cada local, identificamos e setorizamos cada uma dessas características na praça. Ou seja, ações mais dispersas e, por isso mesmo, menores”, descreve Gustavo.
Como o Paissandu tinha a característica de passagem, com vasta área de circulação e pouca área de estar, primeiro os canteiros foram ocupados. Depois, era necessário encontrar uma escala de "praça de interior" no meio do centro de São Paulo. Segundo o arquiteto, na área com maior número de prédios residenciais, foi projetado um pequeno deck com parquinho e mirante, no maior dos canteiros. “Perto dos restaurantes, propusemos colocar a feira de comida, os sanitários e as mesas, com a ideia de intensificar o uso que já existia, enquanto em frente à Galeria do Rock, foi projetado um palco circular para rodas de rap e samba”.
Perto dos restaurantes, propusemos colocar a feira de comida, os sanitários e as mesas, com a ideia de intensificar o uso que já existia, enquanto em frente à Galeria do Rock foi projetado um palco circular para rodas de rap e samba Gustavo CedroniNos dois projetos existem banheiros públicos, paraciclos e pontos de informação – produzidos de containers adaptados com a dupla função de ser depósito para o mobiliário móvel. Ambos também oferecem wi-fi gratuito e uma programação cultural diversificada, que agrega desde cinema, atrações musicais, karaokê e dança e até workshops.
O mobiliário móvel foi pensado para ser simples, com peças comuns, facilmente encontradas no cotidiano das pessoas. Já os elementos fixos detêm materiais de alto desempenho e inúmeros detalhes. “Por isso a decisão por incorporar cadeiras de praia, guarda-sóis e mesinhas de bar. Simples, esses móveis mostram-se fundamentais para convidar as pessoas a usarem a praça, sem se sentirem intimidadas”, opina Gustavo.
Quanto aos bancos, foram projetados dois tipos: um desenhado para ser acoplado às muretas dos canteiros, e outro típico de praças, com um design bastante universal. Ambos são ideais para serem espalhados ao longo das praças.
Escritório
Termos mais buscados