Os donos de um dos restaurantes coreanos mais tradicionais de São Paulo chamaram os arquitetos Fernando Casado e Bruno Garavelli, do escritório CGAU Arquitetura, para ampliar e modernizar outro estabelecimento, também localizado no bairro do Bom Retiro: o Dare.
Antigamente, o restaurante dispunha de 300 m² e preparava somente pratos da culinária coreana. Com a intervenção do CGAU Arquitetura, o espaço foi triplicado para 900 m², possibilitando também a ampliação do cardápio, que agora conta com comidas dos mais variados tipos.
Unindo a tradição coreana à premissa de modernizar a casa, os arquitetos adequaram os espaços aos desejos e às necessidades dos clientes. “Ao incorporar elementos modernos a um restaurante consagrado como esse, alcançamos um resultado contemporâneo”, definem Casado e Garavelli.
Segundo os arquitetos, o principal desafio era justamente o objetivo do projeto arquitetônico: modernizar um restaurante tradicional, sem perder suas características principais. “Em se tratando de uma família coreana clássica, poderíamos ter alguma dificuldade em propor algo muito diferente do existente, porém, conseguimos atender às expectativas positivamente”, ressaltam.
Os dois andares do prédio onde o Dare foi implantado eram antes ocupados por uma loja de confecções. Com apenas sete metros de “testada”, a fachada apresentava-se tal como o padrão do bairro, que é entrevado por diversos estabelecimentos comerciais.
Entre esquadrias pretas e retangulares, o vidro predomina por ali conformando um desenho que lembra as janelas de casas tipicamente orientais. No térreo, o material permanece, mas ganha a sutil presença da madeira que faz o painel. “Extraímos o que ela tinha de melhor e adequamos ao projeto, que se destaca na paisagem corriqueira do Bom Retiro”, afirmam os arquitetos.
Já no interior do edifício, muita coisa foi modificada para adaptá-lo ao uso do restaurante. Apenas a estrutura original se manteve, de modo que vedações, acabamentos e divisões internas foram alteradas, além de toda a parte elétrica e hidrossanitária ser totalmente refeita.
De acordo com Casado e Garavelli, o programa proposto pedia um café na entrada do restaurante, mas, por conta da largura do terreno, essa solução deixaria boa parte da fachada obstruída. “Tivemos que pensar muito bem nisso. Assim, dispomos o café e a área de espera logo na entrada e, em seguida, área do restaurante, cozinha e funcionários”, contam. A partir daí definiram o restante do layout, sendo que o primeiro andar acomoda um restaurante coreano tradicional e o segundo, um espaço de festas.
Para o programa fluir adequadamente, os arquitetos priorizaram a circulação vertical através do elevador (inserido no eixo central do prédio) e de escadas. Eles atendem o primeiro e segundo andares, enquanto no térreo as áreas de espera, atendimento e produção correm num longo corredor.
Adotando uma proposta natural ao projeto de interiores do Dare, cimento queimado, madeira e tijolo foram os materiais escolhidos. Na opinião dos arquitetos, cada um deles foi aplicado sem provocar nenhum tipo de ‘choque’ estético.
O térreo, por exemplo, ganhou uma pegada mais urbana por conta do grafite assinado pelo artista plástico Adriano Franchini, que preenche boa parte da área de entrada. Através da arquitetura e de pontos históricos de cada país, o desenho representa a interação Brasil-Coreia.
No primeiro andar, onde fica o restaurante coreano, os arquitetos deram um toque oriental com a utilização de muita madeira tanto na marcenaria quanto no forro. No teto, sobretudo, o material se transforma em painéis ripados, que se mesclam às vigas metálicas e parecem flutuar sobre o espaço. No térreo criou-se o mesmo efeito, só que em forma de ‘caixas’.
Nesses dois andares, luminárias pretas e pendentes em bambu seguem presos às tábuas de madeira. Com bastante iluminação de cena, esses elementos garantem um clima acolhedor – contrariando a agitação do bairro.
Já no segundo andar, os profissionais criaram uma decoração mais limpa, adequada ao espaço de eventos. Além da marcenaria, destaque para o revestimento em tijolo que marca o balcão e algumas paredes do espaço.
Para o conforto termoacústico do Dare Restaurante, os arquitetos aplicaram um jateamento de celulose nos três pavimentos e planejaram aberturas em módulos na fachada, já que o prédio não tinha nenhum recuo lateral. Isso permitiu a ventilação cruzada nos ambientes.
No quesito sustentabilidade, o projeto incorporou uma iluminação com lâmpadas 100% LED e materiais certificados, como madeira de reflorestamento e tijolos naturais.
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