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Casa Natura

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Criada para se adequar a diversas situações e terrenos, a Casa Natura de Santo André, São Paulo, tem estrutura pré-fabricada, materiais reciclados e ainda pode ser desmontada e remontada em outro lugar. Imagens: Fran Parente
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100% adaptável

Texto: Tais Mello

A frieza e a impessoalidade características de um ambiente comercial cede lugar ao acolhimento próprio de uma residência no projeto-piloto Casa Natura, desenvolvido pelo escritório Forte, Gimenes e Marcondes Ferraz Arquitetos (FGMF), em Santo André, São Paulo. O local é mais que um showroom da maior empresa brasileira de cosméticos, é um espaço dedicado às consultoras e, eventualmente, ao público final – que terá a chance de experimentar os produtos. Nesses eventos acontecem treinamentos, palestras e a confraternização entre as profissionais. “A ideia é projetar um lugar onde todos se sintam abrigados, acolhidos como em um lar”, revela o arquiteto Lourenço Gimenes. A solução resultou em menor custo construtivo, e a Natura conseguiu capitalizar o projeto. Em vez de trinta unidades, agora serão setentaRodrigo Marcondes Ferraz

Em 250 m², os espaços delineados pelos vazios são generosos e – apesar do tamanho menor em relação às Casas Natura anteriores – há farta iluminação natural e integração com o jardim. A construção é seca e eficiente, com sistema estrutural metálico e pré-fabricado, o que torna a edificação possível de ser replicada e customizada de acordo com a região e o terreno no qual for implantada. Prevista para ser construída em escala industrial, com várias unidades em todo o Brasil, a casa ainda apresenta outra vantagem: “pode ser inteiramente desmontada, remontada em outro lugar ou, simplesmente, reciclada”, pontua Fernando Forte.

Gimenes explica que, embora parta de um sistema construtivo pré-estabelecido, ela tem uma série de elementos, os plug-ins (kits que se acoplam à estrutura). “Eles adéquam a casa a diversas regiões, adaptando desde o material de revestimento até a disposição ou existência de pérgulas, brises, caixilhos, ventilação cruzada ou elementos de suporte de controle térmico. Isso permite compor um projeto de desempenho e aspecto únicos para cada localidade”.

Os kits levam em consideração materiais típicos e a disponibilidade da indústria local, criando um vínculo cultural e estabelecendo uma relação mais orgânica com cada paisagem. Apenas o terreno precisa atender a um padrão, ao localizar-se em uma área central da cidade – premissa da Natura –, além de ter ampla relação entre o pavimento térreo e as imediações de jardins ou calçadas. Ela pode ser inteiramente desmontada, remontada em outro lugar ou, simplesmente, recicladaFernando Forte

O layout

Com módulo mínimo de terreno 250 m² e 10 m de frente, a construção é marcada por um esqueleto disposto longitudinalmente, reservando à porção frontal um grande recuo aberto para a cidade na forma de jardim. Encaixada nessa estrutura, uma grande caixa acomoda o programa principal: dois auditórios flexíveis, onde acontecem encontros e frequentes treinamentos das consultoras. Mais fechada e suspensa, ela possibilita o controle de iluminação necessário, com balanços que a destacam. Ao fundo do lote, outra caixa, mais vertical, abriga banheiros, depósito, copa e administração.

O balanço lateral do auditório oferece uma passagem coberta para os visitantes que, finalmente, entram na área de exposição e experimentação dos produtos da marca. Aqui a construção parece desaparecer, deixando no alcance visual do visitante apenas os produtos e o jardim que os rodeia. Somente após passar pelos produtos chega-se à porta de vidro que leva a um átrio central, uma área de encontro e convívio em meio à vegetação, onde o café ocupa uma posição estratégica, acoplado à estrutura da escada.

O projeto Casas Natura irá abrigar cerca de um milhão de consultoras de venda direta no Brasil Foto: Demian Golovaty

Problema X Solução

No início, as Casas Natura – há cinco projetos no estado de São Paulo (Rua Vergueiro, Avenida Santo Amaro, bairro de Itaquera, cidades de Osasco e Guarulhos) – eram maiores e partiam de reformas com um programa similar: auditórios, área de exposição e experimentação dos produtos; espaços de convívio/ café e administrativo. Mas elas consumiam um grande esforço dos envolvidos – tanto da Epigram, empresa de branding/design visual, e do FGMF, parceiros no projeto, quanto da própria Natura.

Reformar diversos imóveis envolvia lidar com imprevistos, porque cada prédio apresentava uma característica diferente. Alguns tinham um pé-direito superbaixo, outros, pé-direito duplo; algumas construções eram verticais, outras, horizontais. “Era difícil criar uma identidade com linguagem uniforme, além de o processo ser caro e pouco eficiente”, relata Lourenço. Assim, ao se deparar com a previsão de reformar trinta edificações no Brasil, a equipe declinou o contrato e propôs uma nova solução.

A nova Casa Natura

Eles adéquam a casa a diversas regiões. Isso permite compor um projeto de desempenho e aspecto únicos para cada localidadeLourenço Gimenes

“Como havia o interesse da empresa em implantar várias Casas, os arquitetos propuseram uma estratégia diferente: fazê-las menores, pré-fabricadas e otimizadas, com maior controle sobre os custos de construção e ágil implantação. Para ilustrar a possibilidade, o escritório FGMF mostrou o projeto desenvolvido para a final do concurso internacional Living Steel de 2008. Uma construção metálica de aço inoxidável e alto desempenho ambiental, com flexibilidade para se adequar a diversas estações do ano e suportar variações extremas de temperaturas. Criada para ser inserida em uma região na Rússia, ela se ajusta à variação térmica de -50º a + 35º, transformando-se ao longo do ano, de acordo com os condicionantes térmicos.

“A solução resultou em menor custo construtivo, e a Natura conseguiu capitalizar o projeto. Em vez de trinta unidades, agora serão setenta”, comenta Rodrigo Marcondes Ferraz. Surge então o protótipo de um imóvel adaptável e inteligente, com liberdade para se ajustar a cada região, situação de isolação, clima e cultura. Fernando Forte complementa: “E em escala industrial, capaz de ser reproduzido em todo o País”.

As primeiras Casas Natura tinham entre 800 e 1.000 mil m². Eram grandes, com três andares, e usavam tecnologia tradicional com concreto e alvenaria, levando de 6 a 8 meses na reforma. Já a construção inteira da casa em Santo André foi finalizada em 6 meses de obra. Rodrigo explica que por esta ser a primeira, houve imprevistos, uma vez que a construção industrializada está apenas começando no Brasil. Otimista, ele opina que a expectativa é de, a partir das próximas, reduzir pela metade o tempo de obra.

Escritório

  • Local: SP, Brasil
  • Conclusão da obra: 2010
  • Área do terreno: 250 m²

Ficha Técnica

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