Casa Campanella

Morada praiana

Texto: Thais Matuzaki

A casa de veraneio dos arquitetos e também moradores Janaína e Wendel Campanella preserva o clima praiano de São Sebastião (SP) até mesmo dentro dos ambientes, devido à abundância do vidro, das grandes aberturas e, principalmente, do uso de materiais que remetem ao ar litorâneo, como o mosaico português.

Em resumo, a linguagem empregada pelos profissionais do escritório Campanella Arquitetura para a concepção da Casa Campanella é simples, contemporânea e, excepcionalmente prática, já que o imóvel é utilizado com frequência. “Por isso, nos inspiramos na arquitetura moderna paulista, que usufrui da pureza dos materiais e das linhas retas”, conta Wendel.

A fachada e os fundos

À primeira vista, a fachada da Casa Campanella é composta por dois volumes distintos e lineares. O primeiro se revela um corpo térreo levemente recuado, caracterizado pelas paredes brancas e lisas; enquanto o segundo, um elemento superior que balança sobre a varanda de acesso, exibe paredes cinzas com massa grossa chapiscada.

Nos fundos da residência, a aparente linearidade desses dois corpos da fachada é quebrada. Inusitadamente, a configuração dos pavimentos segue em formato de “L”, o que permite a criação de um amplo espaço de convivência.

Ainda na parte posterior da casa, a brincadeira continua com a troca dos materiais de revestimento, e as paredes lisas e brancas dão lugar às cinzas irregulares.

Uma extensão da praia

O projeto de interiores foi concebido para a integração máxima dos ambientes. Assim, grandes painéis de vidro de correr cercam a espaçosa área de estar, que por sua vez conecta – em meio aos pilotis e pés-direitos duplos –, cozinha e salas de jantar e de estar aos espaços externos, como a piscina. “Por isso, o pavimento térreo é um grande pavilhão”, define o arquiteto.

Outro destaque da Casa Campanella são as diversas transições de piso, revestido de mosaico português branco nas áreas internas e marrom nas externas. Essa solução propicia um perfeito clima praiano, que invade todos os espaços da residência.

Além disso, o painel de quebra-sol da fachada frontal, feito com blocos pré-fabricados de concreto, rebate a organicidade do piso de pedrinhas com um padrão geométrico repetitivo, ainda que irregular. “Esse padrão conversa com a geometria cúbica do próprio volume da casa”, afirma Wendel Campanella.

O contato com o ambiente externo é ainda mais intensificado em função do muro que envolve toda a área de convivência, com plantas tipicamente da serra do mar, em uma composição harmônica junto ao tapete de grama.