Um cubo de 245 m² feito em concreto armado aparente e com brises que ocupam a fachada por completo dá o tom à Casa Box, localizada em um condomínio fechado de Araraquara (SP). De acordo com o arquiteto Caio Persighini, seus proprietários queriam uma morada simples, que priorizasse o uso de materiais naturais e a integração entre interior-exterior.
“Dentro deste conceito, os elementos construtivos se apresentam de forma natural e simplista. A arquitetura modernista é por si a protagonista do projeto final”, comenta.
A Casa Box fica em um terreno de 11 m por 27 m, e a ideia era que a implantação não inchasse dentro do lote, dando aquela sensação de “elefante na caixinha de fósforo”, como brinca o arquiteto. Por isso, ela foi feita de maneira regular e com distanciamento do recuo frontal – um pouco além do que o condomínio obriga – e também da parte posterior, onde depois foi instalada uma área gourmet.
O conceito construtivo da estrutura é minimalista e se restringe apenas ao necessário, contribuindo para a sustentabilidade e a economia de materiais. A construção é baseada em oito pilares principais e repete grande parte de sua forma e metodologia nas cotas de elevação. Apostando ainda em economia, grandes aberturas possibilitam a circulação da ventilação natural, transformando a temperatura interna da residência em pouquíssimo tempo.
“Pensada para ser simples, funcional e verdadeiramente habitável, a Casa Box traz uma estrutura básica da circulação nascida da ideia de uma espiral estampada em uma forma cúbica e de cantos vivos, incluindo pavimentos inferiores e superiores e ambientes internos e externos em um mesmo circuito”, poetiza Caio.
A casa começa pelo subsolo, onde uma queda natural do terreno de 80 cm transformou-se na garagem. Depois vem o térreo, formado por três ambientes. “Imagina que a gente pegasse um cubo e dividisse ele em três fatias, é assim que pensamos o primeiro pavimento.” Na primeira parte, logo acima da garagem, está um estúdio de produção musical e a sala de estar; depois está a fatia central onde foi plantada uma jabuticabeira – o foco do pátio –; e por último a fatia que abriga o lavabo e uma área de serviços já encaixada na cozinha.
“A cozinha tem um jogo de cor mais aleatório. Ali tem muito da personalidade dos moradores, o saleiro, a faca, a fruteira, a cor das cadeiras.” Para acompanhar o estilo orgânico que a cozinha ganhou, Caio desenhou uma mesa baseada em brinquedos de encaixar. “Ela tem um eixo principal, tem um outro encaixe e ela vem com os outros em angulações diferentes, tanto na vertical quanto no sentido transversal”. Para completar, o balcão ganhou banquinhos vermelhos.
Adjacente à cozinha, só que descoberta, está a churrasqueira e uma pequena área de descanso. Ali também foi plantada uma árvore, que servirá de sombra natural quando sua copa ganhar forma. “Daqui a um bom tempo vai ser muito interessante ver uma árvore dentro da casa e uma outra fora. Acho que isso vai dar um tom bem poético, vai dar um desfecho na sensação do espaço muito único.”
No segundo andar estão duas suítes compartilhadas e a suíte principal com closet integrado ao espaço de banho e sanitário reservado. No fundo desse segundo andar, um banco de madeira com almofadas cria um ambiente delicioso para que os moradores possam aproveitar o sol que invade toda a residência, seja pelo teto ou pelas laterais.
O maior símbolo da Casa Box é a jabuticabeira de 18 anos. Surpreendentemente, ela não é nativa do terreno e muito menos foi uma premissa do projeto. “Teve um momento em que a gente se questionou ‘por que não pôr a árvore dentro da casa’, e aí assumiu a ideia. O próximo passo foi definir a espécie, e hoje a jabuticabeira é o xodó deles, tem até apelido”, comenta Caio.
O efeito visual da implantação da espécie frutífera é observado em todos os ângulos da residência graças a sua instalação em um átrio central que é favorecido pela luz natural. O efeito é tão impactante que a sensação que se tem é que a casa foi desenhada para acomodar a espécie.
Em sua materialidade, o projeto fortaleceu o jogo do contraste entre o concreto e o deck em madeira cumaru no centro dos ambientes sociais. A junção de ambos os materiais proporciona efeito sensorial de conforto, que pode ser vivenciado em quase todos os ambientes integrados com o espaço central da casa.
A maior área que compõe as coberturas é o pátio central. Este, por sua vez, foi executado todo em vidro. O grande diferencial é que a casa sempre está em constante alternância na sensação de ambientação, na mudança do sol no decorrer do dia, nas trocas das estações do ano e na composição luminotécnica a noite.
As iluminações de foco foram utilizadas de forma predominante, e para isso optou-se pelo uso da eletrocalha perfilada – muito utilizada em obras industriais – e spots de luz direcionados. “Com o uso dos spots direcionados e com o sistema de dimerização, torna-se possível mudar a ambientação da casa dependendo do momento. Se quiser relaxar, você consegue dosar essa luz e brincar com esse cenário”, finaliza o arquiteto.
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