Texto: Naíza Ximenes
Com a intenção de fugir do cotidiano caótico da capital paulista, especialmente diante das consequências da pandemia, uma família decidiu construir sua casa do zero em uma tranquila cidade do interior de São Paulo. O local escolhido foi Itu, onde, em colaboração com o escritório C2h.a Arquitetura, eles deram vida a uma residência completamente personalizada: a Casa Terras.
Viver com serenidade era uma premissa para essa família. Por isso, espaços amplos, conforto e proximidade com a natureza foram critérios fundamentais para o projeto, que já tinha programa, estética e volumetria preestabelecidos.
Algumas das características mais marcantes da residência são os tons sóbrios, os elementos naturais, a iluminação discreta e o estilo contemporâneo. Um declive significativo no terreno define não só a fundação e implantação da casa, como também a disposição dos volumes.
Além disso, atendendo ao pedido por praticidade, os arquitetos optaram pela construção de uma casa térrea. A única exceção se dá pela garagem, que fica em um nível abaixo do pavimento principal.
Apesar de a residência ter sido estabelecida em um único andar e todos os cômodos estarem dispostos ao redor da área de lazer, os blocos são extremamente singulares. Isso porque cada ambiente é marcado por um conceito e pé-direito diferentes, conferindo individualidade e identidade aos espaços da casa.
Sem cores vibrantes, o destaque da fachada está na volumetria. À primeira vista, dois grandes blocos marcam o conceito da Casa Terras: um grande quadrado cinza com recortes de vidro à esquerda e um retângulo coberto por painel ripado de madeira, à direita. São eles que compõem a estrutura principal.
Discreta, a visibilidade da garagem, um nível abaixo, é realçada pelo paisagismo em torno do acesso. Um pórtico em concreto contorna a estrutura em madeira.
“Nós utilizamos um revestimento cimentício ao redor dos blocos que imita as formas do concreto armado, criando uma estética de pilares e vigas em concreto aparente”, explica o escritório. “Priorizando tons cinzas, temos o bloco mais alto em cinza chumbo, e os demais blocos em cinza médio.”
Na lateral do painel ripado que fica mais próxima ao bloco cinza, está a porta de acesso principal, que leva o morador à sala de estar. Uma vez dentro da casa, o pé-direito se expande e revela um espaço amplo, aconchegante e convidativo. As poucas aberturas para a rua são compensadas pelas grandes portas de vidro de correr, com caixilharia preta, no interior da casa. Elas conectam toda a área social à área de lazer, onde ficam a fogueira, o espaço gourmet e a piscina.
O mesmo piso de porcelanato marmorizado de cor clara reveste todos os ambientes da casa, conectando-os visualmente. Na sala de estar, a sobriedade dos tons é equilibrada pelo sofá azul petróleo — que, apesar de ter um pouco mais de cor, se integra à paleta de cores do conceito.
Poltronas fazem a transição da área do sofá para a varanda lateral do living, que ganhou vista para a rua, escada com acesso à garagem e mobiliário de madeira em contraste com a iluminação do trilho metálico no teto. Uma pequena abertura à direita conduz o morador ao corredor de acesso ao bloco privativo.
Na outra lateral da sala de estar, o pé-direito é reduzido pela metade na transição para o jantar, dando espaço para janelas no topo da parede. A estratégia cria um ambiente mais aconchegante na sala de jantar, separada da cozinha por uma ilha de mármore branco onde fica o cooktop. Os armários no entorno são todos na cor cinza.
À esquerda da cozinha, há mais um grande vão (marcado por portas de vidro camarão e caixilharia preta) que leva à área gourmet. Lá, a mesa e o balcão, ambos de madeira, são contornados por cadeiras e banquetas cinzas, à frente da churrasqueira. No espaço à esquerda, uma parede de cobogó preto separa o lazer do ambiente onde ficam lavabo e sauna revestida em pedra Hitam.
O espaço que fica na lateral da área gourmet e à frente da sala de estar é outro destaque do projeto. Coberto por um pergolado metálico com chapas de vidro, o ambiente é dividido entre sofá e poltronas de um lado, e área da fogueira do outro.
“Com essa cobertura, a varanda à frente do living se torna um ambiente que pode ser utilizado tanto em dias quentes quanto chuvosos. Já a transparência do vidro permite que a luz natural entre na casa, deixando a área social sempre bem iluminada”, explicam os arquitetos.
Em um degrau abaixo da área gourmet, solário e jardim contornam a piscina de pedra Hijau, com vista para o verde da área de preservação natural aos fundos do terreno. A extensão da piscina acompanha todo o bloco privativo, à esquerda, onde ficam as suítes, os escritórios e a sala de TV.
Na área íntima, a suíte master foi estrategicamente posicionada no ponto de maior privacidade do projeto — e, de quebra, ganhou as melhores vistas do terreno. O dormitório é dividido por um painel ripado de madeira vazado, deixando a cama de um lado e a penteadeira do outro. Entre as amenidades, o casal ainda pode usufruir de uma varanda privativa, closet e um banheiro cuidadosamente projetado em tons escuros e bancada de quartzo cinza.
Os dormitórios dos dois filhos ganharam design que reflete a personalidade de ambos. No quarto do menino, detalhes em verde contrastam com a madeira e a palha natural. Isso também vale para o quarto da menina, com a diferença que a cor escolhida foi o rosa.
A divisão entre suítes de hóspedes e suítes da família acontece por um espaço onde fica a sala de TV, garantindo a privacidade dos moradores.
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