Construída na Serra da Bocaina, uma das regiões mais bonitas na divisa entre Rio de Janeiro e São Paulo, esta residência estabelece uma verdadeira conexão entre arquitetura e natureza. O escritório Bruschini Arquitetura usou o difícil acesso a seu favor para criar um amplo espaço de contemplação do visual. “Muitas vezes a casa está sobre um grande tapete de nuvens, como se ela não estivesse num lugar tão alto, é realmente fantástico”, admira o arquiteto Fabio Bruschini.
Muitas vezes a casa está sobre um grande tapete de nuvens, como se ela não estivesse num lugar tão alto, é realmente fantástico Fabio BruschiniO Refúgio Bocaina, como foi batizado, é o lar de um casal com filhos pequenos, apaixonados por trilhas, mountain bike e aventuras. O programa foi organizado em 180 m², com três dormitórios (sendo duas suítes) e uma área social totalmente integrada entre si e com o deck externo, de modo que todos os ambientes se liguem à paisagem. Conta, ainda, com um reservado anexo aos fundos.
Apaixonados pela região, os moradores já frequentavam uma pousada vizinha ao lote que escolheram – que conta com 1.000 m². Segundo o arquiteto, o Refúgio Bocaina deveria aproveitar todas as potencialidades do entorno e o enorme declive do terreno.
Por ser uma zona de difícil acesso, a 300 km de São Paulo – sendo que os últimos 25 km são percorridos por uma estrada sinuosa de terra –, a primeira proposta foi erguer uma casa compacta e totalmente pré-fabricada, que fosse levada por um caminhão e que chegasse quase pronta, só aguardando os serviços finais, como instalações elétricas e hidráulicas e acabamentos.
Porém, o casal queria uma morada maior e optaram por uma obra que fosse desenvolvida e executada em estrutura de madeira e wood frame (obra seca), adotando referências nórdicas escandinavas. Foi então que surgiu a ideia de fazer uma cabana na montanha.
Havia uma casinha no terreno, implantada num pequeno platô, mas, como estava bastante deteriorada, precisou ser demolida para receber a nova construção. A primeira ação foi empurrar toda a residência para frente, liberando a parte de trás do volume para o convívio diário e uso das crianças, e para a execução da pequena dependência aos fundos.
Pode-se ver a própria Serra da Bocaina, mas bem ao fundo também está a Serra da Mantiqueira. A paisagem está em constante mudança, ela é quase que hipnotizante Fabio BruschiniEsse anexo foi executado com mão de obra local e com alvenaria tradicional, abrigando um depósito, um quarto para hóspedes, uma sauna, churrasqueira tipo ‘parrilha’ e forno à lenha.
Parte da residência principal está implantada em cima de uma mesa de concreto, material escolhido devido ao custo-benefício, e a outra cota é apoiada sobre grandes pilares de madeira que encontram as sapatas de concreto, onde sala e deck estão praticamente ‘voando’ na natureza. “Pode-se ver a própria Serra da Bocaina, mas bem ao fundo também está a Serra da Mantiqueira. A paisagem está em constante mudança, ela é quase que hipnotizante”, comenta o arquiteto.
O Refúgio Bocaina é composto por dois volumes retangulares fechados para mais privacidade. As áreas sociais foram colocadas no bloco central, que é um pouco mais aberto e marcado por um pé-direito duplo. É ali que estão concentradas uma pequena sala de TV, mais destinada às crianças, e uma cozinha totalmente integrada com a área de estar e jantar, que conta, ainda, com um forno a lenha.
Esse bloco é considerado o coração da casa, porque seu fechamento por grandes panos de vidro permite a sintonia perfeita entre os ambientes internos e o exterior, trazendo a paisagem para dentro de casa em todos os momentos do dia.
Já o bloco das áreas íntimas, onde estão localizados os dormitórios, é marcado por um pé-direito mais baixo. De um lado fica a suíte de casal, com um pequeno lavabo, e do outro lado ficam os outros dois quartos, sendo uma suíte e um dormitório com banheiro fora.
Como a Serra da Bocaina é conhecida por sua grande amplitude térmica, era importante que o volume dos quartos fosse bastante preservado e compacto. “O pé-direito mais baixo é para esse controle de temperatura e do vento”, explica Bruschini.
A casa é 90% de madeira, exceto pela mesa de concreto onde está apoiado o volume principal.
O sistema wood frame é composto por um esqueleto de madeira, chamado de ossatura, revestido com lã de rocha (que também pode ser lã de pet) para o isolamento termoacústico da residência. As instalações elétricas e hidráulicas foram encaixadas nessa lã e fechadas com material OSB. Após as vedações, todo o volume de madeira foi envelopado por uma manta que protege da umidade e das intempéries, trazendo conforto térmico para todos os ambientes.
O bloco central da morada tem uma cobertura plana com algumas vigas – as duas principais sustentam o teto, feito em eucalipto e com um sistema de MLC. Os revestimentos da casa são todos de pinos.
Por fim, nas áreas molhadas – box de chuveiro e cozinha –, as paredes foram revestidas de placa cimentícia e em cima dela foram aplicados os revestimentos cerâmicos.
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