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Residência M&M

Residência M&M
Com privilegiada vista para a Serra da Cantareira, em São Paulo, a morada projetada pelo escritório Bonina Arquitetura privilegia vãos, lajes suspensas e materiais que valorizam a autenticidade. Imagens: Tony Chen
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Um oásis na cidade

Texto: Tais Mello

Aqui, saber respeitar o próximo e seu espaço é exercitado diariamente, mas serve como modelo para a prática em sociedade Mauricio Takahashi

De um subsolo livre, limitado nos extremos por dois muros feitos com tijolos aparentes reaproveitados da antiga residência que existia no local, nasce a Residência M&M, em São Paulo, com vista para a serra da Cantareira. Uma construção de dois blocos, cujos apoios de concreto aparente apenas nas divisas do terreno fazem parecer que lajes esbeltas e maciças sobrevoam o espaço.

O projeto contemporâneo do escritório Bonina Arquitetura tem raízes na arquitetura japonesa e modernista paulista, inspirada nas casas de praia caiçaras. O grande destaque da construção está no vão central da residência que organiza e dá unidade a todas as lajes flutuantes. “A partir desse vão partem todas as circulações longitudinais e verticais. Nele, na altura do subsolo, um jardim zen de pedras brancas abriga a árvore pau-ferro de 10 metros de altura, que percorre toda a extensão do átrio”, conta o arquiteto e autor, Mauricio Takahashi.

Unidade entre construção e natureza

Mais que uma questão estética, a árvore representa um ponto de referência dentro do espaço. Ela dá unidade aos ambientes, além de trazer os moradores para uma dimensão fora da cidade. “Por meio desse elemento natural, podemos sentir mudanças sazonais no interior da residência. Trata-se de uma forma de colocar a casa dentro do tempo natural. Tempo independente dos compromissos, prazos e das rotinas”, reflete Mauricio.

Concreto bruto aparente, cimento queimado, madeira de demolição, ladrilhos hidráulicos, cobogós, vigas metálicas e chapas de metal dialogam de forma natural, proporcionando uma arquitetura humana, acolhedora e com design marcante Mauricio Takahashi

Passarelas metálicas ligam um bloco ao outro, dando origem a uma espacialidade que mistura o interior ao exterior. O programa brinca com o vazio, ora mostrando, ora escondendo. Do lado de fora, no vão, a árvore pau-ferro acaba se intrometendo na brincadeira e invade o espaço de forma desinibida.

A residência intercala jardins minimalistas. Neles, alguns elementos – como no caso do pau-ferro – funcionam como uma escultura. Outros, como as espécies da mata atlântica, adornam ambientes e criam um clima praiano. Para cobrir o vão, uma cobertura de vidro retrátil garante farta iluminação natural para toda a construção e cria uma atmosfera própria de ambiente externo, só que no interior da residência.

Materiais em harmonia

A obra mescla de forma surpreendente materiais clássicos e tradicionais. “Fizemos uma releitura propondo uma estética atual. Por isso concreto bruto aparente, cimento queimado, madeira de demolição, ladrilhos hidráulicos, cobogós, vigas metálicas e chapas de metal dialogam de forma natural, proporcionando uma arquitetura humana, acolhedora e com design marcante”, justifica o arquiteto.

No topo dos dois blocos – encontra-se o solário, a parte técnica e a área de apoio – uma estrutura leve metálica se sobressai de forma genuína. Ela convive harmoniosamente com outros materiais empregados na construção, que também buscam a autenticidade. São madeiras e tijolos de demolição, concreto aparente, cimento queimado branco, ferro, cascalho branco, entre outros.

Mauricio explica que em meio à tendência de usar imitações de materiais, trabalhar produtos autênticos reflete uma postura. “Os materiais aqui empregados são o que são. Não há maquiagem ou imitação. Eles são brutos, rústicos e com história em sua essência”.

Partindo de uma lógica que valoriza tudo o que é real, a estrutura da residência está desnudada, com o concreto aparente e os elementos metálicos utilizados na estrutura à mostra. Cobogós destacam-se em praticamente toda a fachada frontal voltada para a face oeste. “Por isso utilizamos o elemento que permite a ventilação cruzada na residência e ainda ameniza a entrada de luz do sol da tarde”, declara Mauricio.

Com layout livre, tanto visualmente como espacialmente, poucos são os ambientes privativos – banheiros e áreas de serviço Foto: Tony Chen

Design com liberdade espacial

Os materiais aqui empregados são o que são. Não há maquiagem ou imitação. Eles são brutos, rústicos e com história em sua essência Mauricio Takahashi

Da antiga residência existente no local, nada ficou de pé. Demolida, sobraram apenas os antigos tijolos utilizados nos dois muros de arrimo que delimitam o novo subsolo. A estrutura diz bastante sobre a casa e sua organização. As paredes laterais foram alinhadas com as divisas do terreno, inclusive todos os pilares. Um localiza-se na parte frontal, e o outro, na extremidade posterior. Eles nivelam o terreno na cota 3 metros abaixo do nível da rua, deixando-o livre de obstáculos e desníveis. “Com isso consegue-se liberdade em todos os sentidos: longitudinal, latitudinal e vertical”, explica Mauricio. Delicadas passarelas e escadas metálicas interligam estas lajes de concreto, que vencem o vão de 8 metros de um lado ao outro.

A linguagem contemporânea / clássica evita modismos temporais. A exemplo dos materiais usados na construção, o design valoriza a autenticidade. Mauricio Takahashi justifica: “Em uma sociedade em que a imagem vale mais do que o valor interno e histórico, onde a aparência vira prioridade, percebemos a total inversão de valores. Essa pequena morada contradiz tudo isso. Os moradores buscam mostrar na construção o real valor das coisas e das pessoas. Aqui, saber respeitar o próximo e seu espaço é exercitado diariamente, mas serve como modelo para a prática em sociedade.”

Escritório

  • Local: SP, Brasil
  • Início do projeto: 2010
  • Conclusão da obra: 2013
  • Área do terreno: 224 m²
  • Área construída: 315 m²

Ficha Técnica

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