O projeto arquitetônico da Casa Torreão deveria privilegiar as vistas e a integração com a natureza. “Esse foi o ponto de partida: o cliente pediu que a natureza fosse a protagonista”, contam Daniel Mangabeira, Henrique Coutinho e Matheus Seco, arquitetos e sócios-diretores do escritório de arquitetura Bloco Arquitetos Associados.
Com uma reserva natural ao sul e a oeste da área – e o declive em direção aos fundos do lote – os arquitetos aproveitaram e ampliaram – com a utilização do solo retirado para a construção da casa – um grande aterro pré-existente a três metros abaixo do nível da rua de acesso.
O platô resultante possibilitou posicionar a construção em um só nível. A casa ficou parcialmente escondida abaixo do nível da rua, mas com uma vista contínua em direção à vegetação existente. O teto virou um jardim Daniel MangabeiraA ideia dos profissionais exigiu esforços extras, como a adaptação do projeto ao terreno com forte declive sem, entretanto, prejudicar a vista. “O platô resultante possibilitou posicionar a construção em um só nível. A casa ficou parcialmente escondida abaixo do nível da rua, mas com uma vista contínua em direção à vegetação existente. O teto virou um jardim, e o melhor: tiramos proveito de uma situação que poderia ser uma dificuldade”, comemora Daniel Mangabeira.
Para ocupar o platô da melhor forma possível, privilegiando as vistas do entorno, a Casa Torreão é feita de planos predominantemente horizontais orientados no sentido leste/oeste, dividindo a parte norte e sul do terreno. As fachadas leste e oeste são configuradas por empenas cegas enquanto as fachadas norte e sul são quase sempre transparentes. “A implantação da casa mostra-se totalmente sensível às condicionantes de vento e insolação”, conta Matheus Seco.
Contrariando um programa-padrão, as circulações, rampas, os jardins de acesso e as áreas de serviço estão voltados para a frente principal – direcionada para o norte. Já a porção sul do terreno abre-se para a mata, ao mesmo tempo em que guarda o setor íntimo da construção. “É um quintal para onde se mostram todos os quartos e a cozinha, conectados por um piso contínuo de madeira”, complementa Henrique Coutinho.
A área social é o ponto central da casa, o único ambiente interno aberto tanto para o norte quanto para o sul do terreno. O acesso acontece através de suaves rampas que cruzam o jardim frontal, enquanto a circulação interna se dá através de um único eixo que cruza todos os ambientes. E para arrematar o conjunto, toda a área de intervenção do projeto é coberta apenas com grama, valorizando ainda mais a mata existente.
A observação dos arredores é feita por um teto-jardim que funciona como plataforma – uma extensão do quintal aberta para todos os lados. Além de ter também a função de mirante da paisagem, ele proporciona conforto térmico durante todo o ano e reforça a continuidade visual entre rua, casa e mata nativa.
A iluminação é a mais discreta possível. Na área do teto-jardim, com quase todas as luminárias embutidas, ela pontua a superfície com cubos translúcidos suspensos do piso e estruturas em aço e vidro desenhadas para fornecer iluminação e ventilação naturais. À noite estas peças funcionam como lanternas, levando a luz interna da residência para o exterior do terraço.
Toda a estrutura é feita de vigas de concreto moldado no local, algumas delas em concreto protendido. As lajes de piso são em concreto maciço e as de cobertura em pré-moldados de concreto. Paredes internas e de fachada levaram tijolo furado com reboco e acabamento em textura.
O projeto de interiores buscou maximizar a integração entre os ambientes e minimizar o uso de materiais diferentes entre si. Os pisos possuem cor similar, reforçando a continuidade visual entre espaços internos e externos. Externamente foi utilizado somente um tipo de piso cerâmico. “Na área interna e varanda, usamos a madeira cumaru, com tratamentos distintos para áreas expostas ou protegidas das intempéries”, finalizam os profissionais.
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