Quando os arquitetos Gustavo Martinhão e Marcella Belluzzo conheceram o terreno da Residência BM, logo imaginaram os desafios que teriam pela frente, dado seu formato irregular, frente bem extensa e acentuado declive. Mas uma área de preservação ambiental ao fundo do lote conquistou o coração dos arquitetos e, como futuros proprietários da morada, enxergaram ali o local ideal para construir seu refúgio de fim de semana.
Como se pode imaginar, a mata preexistente acabou norteando toda a arquitetura. “A área de preservação era muito maravilhosa e foi o que procuramos valorizar mais em todo o projeto”, conta Marcela Belluzzo. Assim, todos os ambientes sociais e quartos estão voltados para ela, estabelecendo uma enorme interação da casa com a natureza.
Mas, de fato, a primeira coisa que precisou ser resolvida no projeto foi a questão do declive. “A solução que encontramos foi elevar um pouco o perfil natural do terreno criando um grande platô no nível da copa das árvores, onde implantamos todo o programa da casa, mas ele ainda ficou levemente abaixo do nível da rua”, explica Belluzzo.
Assim, o projeto se apoia sobre uma laje ligeiramente descolada do solo, que parece flutuar. “Da rua, você não percebe o tamanho da casa, não enxerga o seu potencial. Ela parece afundada no terreno. Mas, à medida que você entra, ela se abre totalmente para a mata e você se vê na altura da copa das árvores, com toda aquela vista. É uma casa que surpreende por isso”, descreve Gustavo Martinhão.
De acordo com os proprietários do Belluzzo Martinhão Arquitetos, o programa é reduzido ao máximo, contemplando apenas os ambientes fundamentais, que são condensados em três núcleos distintos, cada um deles dedicado a um único uso: social, íntimo e de serviços. “Um dos pontos de que eu gosto neste projeto foi como a gente conseguiu resolver o programa de uma forma simples, num volume térreo e retangular”, declara Belluzzo.
Na parte central deste volume ficam o acesso principal e o living com a área social da casa. À direita, está a parte funcional da casa. “A gente posicionou a cozinha e o jantar voltados para a vista da mata e criou um volume de pedra que é uma parte funcional do projeto, onde estão lavabo e área de serviços”, explica a arquiteta.
Na parte esquerda da casa estão as suítes (uma máster e duas para hóspedes), todas elas voltadas para a mata. Já a circulação dos dormitórios ficou na parte frontal voltada para a rua.
No perímetro da residência, um passeio coberto envolve os três núcleos e conecta todos os ambientes, exercendo a importante função de transição entre os espaços internos e externos.
Da rua, você não percebe o tamanho da casa, não enxerga o seu potencial. Ela parece afundada no terreno. Mas, à medida que você entra, ela se abre totalmente para a mata e você se vê na altura da copa das árvores, com toda aquela vista Gustavo Martinhão
A piscina ocupa lugar de destaque na morada, que está localizada em Itatiba, interior de São Paulo. “Desde o início da concepção do projeto, tínhamos certeza de que ela deveria ficar na melhor posição, totalmente debruçada para a mata, então esse foi quase o partido do projeto. Em consequência, toda a área gourmet ficou próxima à piscina e também na área mais valorizada”, conta Martinhão.
A integração é outra marca da residência, a exemplo do living e espaço gourmet. Esses espaços foram fechados com vidro e portas-camarão, quem podem se abrir completamente, transformando o núcleo social em um grande terraço integrado ao deck, à piscina e à mata. Também pode se fechar completamente, alterando os espaços e seus usos. “Como num dia frio ou chuvoso, em que podemos fechar todos os vidros e acender a lareira”, exemplifica Belluzzo.
O fechamento do estar se dá por dois panos de vidro, um deles fixo e voltado para a rua, e o outro móvel, voltado para a paisagem. Brises articulados instalados na fachada voltada para a rua controlam a entrada de luz e garante privacidade aos moradores.
A aproximação da arquitetura com a natureza se revela tanto no desenho do espaço, quanto nos materiais usados na construção. “Procuramos usar materiais naturais, que tivessem a ver com o local em que a casa está inserida que é praticamente no meio de uma mata. Então usamos muita madeira, como na cobertura, forro e marcenaria interna, para trazer aconchego. A pedra moledo é um material natural usado não só na fachada da casa, mas também internamente. E esses materiais contrastam com outros mais tecnológicos e modernos, como os beirais e os brises metálicos, que utilizamos em função da durabilidade e manutenção. Então acaba que a arquitetura cria um contraste entre o moderno e o natural”, pontua Martinhão.
Por fim, o projeto recebeu um telhado verde que mimetiza a paisagem e oferece conforto térmico para os ambientes internos da residência.
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