Texto: Naíza Ximenes
Em uma das principais avenidas de São Paulo, a Faria Lima, está um dos centros comerciais e financeiros mais importantes da cidade. A região fica no bairro de Pinheiros e concentra algumas das instituições financeiras, startups e escritórios de grande prestígio do país.
Há quem diga que a avenida concentra 1% do PIB brasileiro (Produto Interno Bruto, que representa a soma total de todos os bens e serviços finais produzidos no país), tamanha magnitude concentrada nos prédios. Entre eles, está o B32.
Apesar de o edifício corporativo também ser de extrema relevância — já que ele compreende um complexo multiuso com um teatro próprio, restaurantes e uma praça pública —, o foco é o terraço do prédio, onde fica o restaurante Baleia Rooftop.
Projetado pelo escritório B.Unique Arquitetura e Construções, o empreendimento foi desenvolvido para proporcionar uma experiência mediterrânea fora do litoral e dentro do centro urbano paulista.
Ocupando mais de 1.200 metros quadrados de área, o restaurante é dividido em três salões, bar e área externa — todos com alusão à região que engloba países da Europa Meridional (como Espanha, Itália, Grécia e Portugal) e partes do norte da África e do Oriente Médio (como Marrocos, Tunísia, Turquia e Grécia continental).
Para unir em uma única proposta a homenagem à região e o conceito paulistano, a estratégia dos arquitetos foi apostar em materiais como madeira, Travertino Rústico (um revestimento de parede em mármore travertino de alta resistência e durabilidade, importado da Turquia), cordas náuticas e palha de dendê, que fazem alusão ao clima quente do Mediterrâneo.
Além disso, a arquitetura de baixa altura (que ajuda a manter a sensação de comunidade e facilita a ventilação) e a presença de coberturas abobadadas são recursos comumente utilizados na região e também replicados no projeto.
Logo no acesso ao Baleia Rooftop, os arquitetos apostaram em um caminho repleto de descobertas, que surpreendem o visitante. Isso porque, antes mesmo de entrar no restaurante, o corredor que leva ao bar é marcado por uma adega de seis metros de comprimento, com rótulos dos melhores vinhos em toda a extensão. Nesse espaço, há, também, uma área de espera com algumas poltronas e um sofá.
Ao virar à direita no fim do corredor, o visitante se depara com um extenso bar, cujo destaque é o próprio balcão, feito de pedra Amazonita. Sua estrutura foi internamente iluminada para proporcionar a sensação de “oceano dentro do bar”, segundo os arquitetos. Tanto na parede abaixo do balcão, quanto na parede atrás da estante de madeira, o Travertino Rústico foi o material escolhido para revestir todo o espaço. No teto, um grande painel ripado de madeira propicia horizontalidade ao conceito.
O balcão é de pedra Amazonita, internamente iluminado para criar a sensação de “oceano dentro do bar”
A região do bar se abre para o maior salão do restaurante. O piso, antes de madeira, passa a ser de porcelanato branco, e o salão é repleto de mesas — ora circulares, ora retangulares. Apesar de não haver uma unicidade entre o modelo dos assentos, eles foram minuciosamente combinados para que os materiais conversem entre si.
O espaço é completamente iluminado e conectado com o exterior, já que panos de vidro compõem não só as três laterais, como também o teto. Nas paredes, são portas de correr. No teto, é uma cobertura metálica no formato de um mosaico, preenchido por vidro, levemente elevado ao centro — uma alusão singela às estruturas abobadadas mediterrâneas.
“A cobertura e o fechamento em vidro trazem um pouco da cidade para dentro do restaurante”, explicam os arquitetos. “Além da alusão à baixa arquitetura, a estrutura triangular em metal, no teto, faz referência ao design da baleia na praça do B32 e ao Louvre, criando uma ligação cultural do museu com o restaurante.”
Ao atravessar as portas de vidro, o visitante se depara com um grande deck ao ar livre. Em ambas as laterais do terraço, bangalôs de madeira com sofás e poltronas preenchem as passagens — sendo três de um lado, e um do outro. Na lateral com apenas um bangalô, a área livre restante é repleta de pufes azuis. Na face frontal, cinco mesas para dois lugres ficam próximas ao guarda-corpo de vidro que contorna todo o terraço. “A área externa do Baleia Rooftop conta com uma vista privilegiada da Avenida Faria Lima”, completa o escritório.
No centro do terraço, há uma área em que o piso de madeira dá espaço à grama, repleta de mesas, poltronas e sofás cobertos por ombrelones. Todo o mobiliário da área externa tem um conceito mais moderno e industrial, próximo ao estilo corporativo da região.
Por fim, um salão secundário completa o programa do restaurante. Comumente utilizado para eventos particulares, ele tem um design mais sóbrio, com mesas quadrangulares e cadeiras de cor cinza, e uma cobertura mais privativa, já que, apesar de permitir a entrada de luz natural, não proporciona muita visibilidade do interior.
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