O projeto arquitetônico da sauna pública Löyly foi idealizado para revitalizar a região portuária de Helsinque, capital da Finlândia. A grande estrutura de madeira, com design único e não-linear, foi construída para ligar o movimento de pessoas do centro da cidade – a apenas 2 km de distância – ao mar.
O edifício foi desenhado para ser fino e alongado, de modo a não cortar a faixa estreita do parque do entorno. Seu volume é mantido o mais baixo possível para não bloquear a vista dos blocos residenciais. De acordo com a luz do sol, a madeira da estrutura da Löyly pode ficar acinzentada, confundida com as rochas da costa.
De acordo com a equipe do Avanto Architects, escritório responsável pelo projeto, a ideia da arquitetura da sauna é simples: uma caixa preta retangular – coberta por um “manto” – abriga os espaços internos aquecidos. Isso porque, além de ser decorativa, essa estrutura escultural feita de pinho tem tratamento térmico. “O recurso técnico mais interessante, com certeza, é essa capa de formato livre que envolve o edifício. Ela tem estrutura de aço com articulações detalhadas; os triângulos que compõem a pele de madeira têm ângulos aleatórios. Toda a estrutura foi cuidadosamente modelada em 3D, a fim de produzir os desenhos para a oficina de metal”, descreve um dos autores do projeto.
Os arquitetos explicam que as lamelas não limitam a vista do mar do interior da estrutura, pois elas funcionam como venezianas que blindam e bloqueiam apenas de fora para dentro. Essa espécie de casca de madeira forma terraços entre as suas encostas, onde os frequentadores podem sentar e relaxar, além de proteger o edifício do clima costeiro.
A estrutura também mascara os espaços internos com amplas superfícies de vidro, ajudando a reduzir o uso de energia para manter a temperatura do edifício. Ela também cria, com a própria forma de madeira, escadas que conduzem ao telhado. Este serve como mirante e grande auditório ao ar livre. Nele, os visitantes podem assistir à prática de esportes marítimos por cima da capa de madeira, assim como ouvir o som das ondas sob os seus pés.
O edifício abriga saunas públicas e um restaurante que se abrem para o mar, oferecendo vistas do oceano de um lado e, do outro, do centro da cidade. A atmosfera dos caminhos que levam às saunas é calma, com espaços à meia luz. Ao fazer uso deles, as pessoas devem deixar os sapatos em um guarda-volumes antes de se encaminharem para a recepção, onde retiram as chaves dos armários e as toalhas.
Os vestiários são separados, com áreas para homens e outras para mulheres. Uma cortina de couro cobre uma das portas, indicando a área unissex, na qual os visitantes precisam obrigatoriamente vestir maiô. “Queríamos desenvolver uma sauna que atendesse a todas as culturas”, conta a equipe.
Há três saunas diferentes, todas revestidas de madeira: a sauna continuamente aquecida; a sauna aquecida uma vez (que é aquecida pela manhã, antes de sua abertura, e permanece quente durante o restante do tempo); e uma sauna de fumo tradicional – uma verdadeira raridade entre saunas urbanas. Para completar, uma área de spa com uma bacia de água fria e uma sala de lareira ajudam a relaxar os visitantes.
A arquitetura de interiores do restaurante e do salão-sauna foi idealizada pelo escritório Joanna Laajisto Creative Studio. O objetivo do projeto era criar um refeitório com atmosfera agradável, que complementasse a forte arquitetura do edifício. A abordagem deveria ser o minimalismo suave, e o desafio era criar áreas de estar íntimas no grande salão, com espaço para duas paredes de janelas. “As pessoas muitas vezes se sentem mais confortáveis sentadas de costas para a parede. A solução foi a construção de uma plataforma elevada para a área do bar, que divide o espaço em dois setores diferentes. Uma meia parede de madeira ancora os sofás, longos e customizados, oferecendo vista para o mar”, descrevem os criadores.
Os materiais predominantes das áreas internas são o concreto preto, a madeira de vidoeiro escandinavo, o aço enegrecido e a lã, todos duráveis e resistentes. A madeira utilizada é pressionada, colada e tratada termicamente com uma solução finlandesa inovadora de madeira compensada, normalmente queimada para produzir energia. Dessa forma, os resíduos dispensados são transformados em bonitos materiais reciclados.
O aquecimento de toda a água é feito com eletricidade produzida com energia eólica. Por isso, o Löyly se tornou o primeiro edifício a obter a certificação de sustentabilidade FSC Certified Building na Finlândia e o segundo em toda a Escandinávia. O certificado do Forest Stewardship Council também comprova que a madeira utilizada é proveniente de florestas geridas de forma responsável. O restaurante serve alimentos orgânicos de maneira igualmente sustentável.
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