Privilegiar os moradores com uma vista panorâmica da região paradisíaca de Paraty (RJ) era o grande desafio do arquiteto Marko Brajovic neste projeto arquitetônico. Dentro de uma área limitada, que não cedia muito espaço por conta da vegetação já existente, o responsável idealizou uma morada semelhante a uma pirâmide triangular para acompanhar a verticalidade da mata atlântica.
A Casa Trikona nasce da inspiração de um movimento da yoga – trikonasana, que em sânscrito significa a postura do triângulo. “Para dar estabilidade à construção, pensamos na forma do tetraedro para a estrutura dos pilares. Tudo se modulou nas definições desse perímetro arquitetônico”, explica o arquiteto.
Envolvida por palmeiras endêmicas, juçaras e outras espécies nativas, a moradia foi implantada em uma área livre de vegetação – de apenas 6 m x 6 m.
Esse escalonamento trouxe aos moradores a possibilidade de contemplar a exuberante vegetação nativa de qualquer lugar da morada.
Próximo ao acesso à rua, Brajovic buscou aproveitar o desnível do terreno para construir uma passarela que percorre toda a mata até a habitação e que adentra a casa pelo último andar. A entrada, que acontece na altura das árvores, faz com que as pessoas se sintam como parte da floresta.
“Você chega na casa através de uma ponte e pelo último andar. A sensação é que você percorreu uma trilha e essa te levou a um lugar que você nunca imaginou que tivesse um lar”, conta Marko.
Na extremidade das árvores, encontra-se um espaço de contemplação que pode ser explorado como um lounge, além de salas de estar e de yoga para meditação.
Abaixo, um espaço mais privativo determinado para o dormitório. Ainda no espaço, um extenso armário de madeira separa a cozinha da área íntima. Já as laterais foram beneficiadas com uma banheira e um terraço, ambos os espaços definidos para contemplação da natureza local.
O térreo abriga a área técnica, um lavabo, redes de descanso e um espaço multifuncional. A Casa Trikona é pequena, mas oferece vários tipos de experiências e, segundo o arquiteto, essa é a ideia: conseguir explorar os três andares em todas as dimensões, vivenciando a relação do interior com o entorno.
Em relação aos materiais, a proposta do escritório foi trabalhar com elementos que estavam a no máximo 60 km de distância. Além disso, toda a mão de obra foi local.
“Introduzimos a espécie de eucalipto – que é mais resistente – com toras rústicas encaixadas com parafusos nas vigas e colunas, mantendo a distribuição de forças”, diz o arquiteto.
Foi dispensado o uso de ar-condicionado, já que o escritório acredita que neste tipo de projeto – na mata atlântica – não há necessidade do ar artificial, sendo que o projeto é bem provido de iluminação e ventilação naturais.
Habitar sobre a floresta privilegia os proprietários com conforto bioclimático que regula todas as temperaturas. A existência de árvores muito altas cria sombreamento e ventilação cruzada sempre das laterais, que mantém o conforto térmico dentro dos ambientes.
O conforto térmico é ditado pelo ecossistema no qual está inserido, na altura dos 300/350 m do nível do mar que tem uma própria temperatura favorável.
“A gente gosta muito de quem habita essa casa tenha uma consciência ecológica, acho que cada casa é uma pequena escola de como habitar”, finaliza Brajovic.
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