“A regra do Facebook é não ter regra. Os espaços do escritório de São Paulo nos possibilitam experimentar diversos tipos de design e de situações superdiferentes. Uma coisa é garimpada aqui, outra é garimpada ali... Essa é a grande sacada do projeto”, define Luiz Gustavo Campos, arquiteto que, na época, era diretor da Gensler e ficou responsável pelo projeto arquitetônico.
De acordo com Campos, o conceito do projeto do Facebook partiu da troca de ideias entre as equipes de design dos escritórios da Gensler em São Francisco (EUA) e São Paulo. “A premissa era criar um ambiente que estivesse sempre em construção, sempre em crescimento, sempre mudando. Você olha para ele e acha que tem algo por ser feito, é um ambiente vivo. E isso tem muito a ver com a atmosfera flexível e forte da marca criada por Mark Zuckerberg”, destaca.
A premissa era criar um ambiente que estivesse em construção, em crescimento, sempre mudando Luiz Gustavo CamposOs ambientes foram projetados para instigar a criatividade e a inovação. A empresa oferece flexibilidade de horários aos funcionários e opção para se trabalhar em qualquer período nas 24 horas do dia. Isso porque muitas das funções exigem trocas de ideias entre profissionais de diferentes partes do mundo. “Obviamente é um escritório que disponibiliza comida o dia inteiro nas áreas de alimentação e espaços de convivência e descanso”, complementa o arquiteto.
O Facebook está instalado no Edifício Infinity Tower, no bairro do Itaim Bibi. A edificação foi escolhida por ser altamente tecnológica e por estar em uma região valorizada.
Campos conta que começou ocupando apenas um andar. “Nós fizemos um espaço com uma diversidade de configurações de ambientes, para que todo mundo pudesse utilizar a hora que quisesse e como quisesse, sem lugar marcado. Então, em 2012, estruturamos o segundo andar, que abriga também uma grande cafeteria. Esta serve de espaço para celebrações e ações sociais... é um ambiente superdespojado”, ressalta. A grande protagonista do escritório é a escada que conecta esses pavimentos.
Além da cafeteria, o segundo nível conta com salas de reunião internas e externas, uma área de colaboração muito grande que se espalha por todos os ambientes e a área com estações de trabalho livre. “Ninguém no Facebook tem sala própria. Nem mesmo o CEO”, conta Campos.
Além da não criação de um standard – espaços sem padronização, sem mobiliário específico etc. –, a empresa oferece circulação livre. O arquiteto explica que os funcionários podem se movimentar entre uma sala e outra com skates e bicicletas, além de trazer cachorros e se divertir em ambientes de lazer. “O movimento que temos na rua temos também no escritório. Como empresa de tecnologia, o Facebook quer que seus funcionários fiquem à vontade para desenvolverem seus trabalhos. Quanto maior a liberdade de escolha e controle sobre o ambiente de trabalho que os colaboradores possuem, mais engajados, inovadores e criativos eles são”, destaca.
Materiais variados e distintos foram aplicados no projeto arquitetônico. Alguns espaços receberam carpete, enquanto outros receberam pisos vinílicos, por exemplo. Além disso, usou-se drywall para as paredes e tecidos diferentes não disponíveis no Brasil, como o utilizado na cobertura ondulada amarela que se destaca no centro do escritório. A cobertura também já tem em sua estrutura uma proteção acústica que passou por testes até de inflamabilidade. É um produto novo com base de telhas de fibrocimento sem amianto, criado junto com o fornecedor especialmente para o projeto. “O tecido que a reveste tem uma espuma autoextinguível”, explica o arquiteto, que complementa ao dizer que em cada tipo de espaço do escritório usou-se um approach diferente como proteção acústica.
Ninguém no Facebook tem sala própria. Nem mesmo o CEO Luiz Gustavo CamposA telha com tecido é destaque nos dois andares, em momentos distintos. Em um deles, mostra a conexão com a escada criando uma moldura para ela. Além disso, produtos de ordem sustentável estão presentes nos ambientes, como as madeiras de demolição, forros acústicos, lãs para acústica e divisórias de vidro – materiais com selo LEED.
Por estar instalado em um edifício com certificação LEED, o escritório do Facebook tem grandes trocas de ar externo. Já em relação ao aproveitamento da luz do dia, os ambientes têm 100% de aproveitamento. Como o projeto tem poucas salas fechadas e, as salas fechadas disponíveis estão basicamente no coração do edifício, qualquer uma das estações de trabalho recebe luz natural. "Priorizamos muito o biorritmo dos funcionários, pois muitos deles fazem horários flexíveis, trabalhando de dia e de noite. Por isso, todas as salas fechadas são abertas para receber também a luz natural, mesmo não estando junto às fachadas”, explica Campos.
As divisórias de vidro, que abrem visão para as áreas de trabalho, também têm transparência suficiente para trazer muita luz aos espaços. “Isso gera uma grande economia de luz artificial para o escritório”, conclui o arquiteto.
Veja também os projetos:
Linkedin, por Dante Della Manna
Youtube Space, por Aleph Zero e Rosenbaum®
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