Devido à proximidade do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), o bairro Cristo Redentor tem passado por um importante processo de transição. Tal como ocorreu em regiões vizinhas, as casinhas tradicionais perderam seu lugar para os prédios modernos de pequeno e médio porte. No número 866 da Rua Fernando Abbott encontra-se um desses exemplos. O residencial, que leva o endereço em seu nome, foi projetado pelo escritório Arquitetura Nacional com o conceito de casas empilhadas. Dessa forma, cada apartamento – seja dúplex, linear ou cobertura – tem sua individualidade revelada, mas mesmo assim, faz parte de um conjunto harmônico que marca a volumetria do edifício.
Caracterizado pelo desnível de sete metros, o terreno de esquina onde foi implantado o Edifício Fernando Abbott 866 está inserido num ponto excepcionalmente alto do bairro porto-alegrense. Essa configuração permite diversas vistas da cidade, no entanto, restringe a altura da edificação por conta do aeroporto. Era preciso, portanto, pensar em uma solução que respeitasse os parâmetros exigidos pela legislação e atendesse ao programa estipulado para o prédio de 13 apartamentos.
Além do desafio programa x legislação, o projeto tinha como principal premissa orientar todas as unidades para a melhor vista do entorno, que fica aos fundos do lote. Diante das dificuldades, o layout dos apartamentos trouxe uma saída para o projeto do Edifício Fernando Abbott 866, ao mesmo tempo em que atribui um grande diferencial estético à edificação.
Pensando na distribuição padrão dos edifícios, encaixar dois apartamentos linearmente por andar significava aumentar o número de pavimentos para atender ao programa. Consequentemente, isso influenciaria na altura do imóvel, portanto, estava fora de cogitação. Assim, optou-se também pelo uso de apartamentos dúplex. Com isso, a cada dois andares, dois apartamentos são lineares e um dúplex.
A arquiteta Paula Otto explica que a organização do layout trabalha com a ideia de casas empilhadas, na qual cada apartamento se mostra como uma peça que encaixa-se perfeitamente à outra. “O projeto busca a individualidade de cada unidade através desse conceito, que fica evidente na volumetria do edifício”, expõe. “Além disso, esse deslizamento dos volumes quebra a monotonia de nove pavimentos”, complementa.
Nessa constante ‘dança’, os blocos verticais (dúplex) e os horizontais (lineares) se alternam entre as extremidades da esquerda e da direita, proporcionando a sensação de movimento. Da mesma forma, as pequenas janelas que estão na lateral do prédio seguem uma disposição aleatória.
As diversas tipologias dos apartamentos também refletem os diferentes jeitos de morar dos moradores. Por exemplo, os dúplex têm 89 m² e desfrutam de áreas sociais e íntimas separadas, diferentemente dos lineares, que somam 87 m² e permitem maior integração entre os dois programas. Já a unidade dúplex do térreo acomoda um pátio generoso, enquanto a cobertura ocupa todo o piso.
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