Até os anos 1930, o imóvel localizado no bairro da Lapa, São Paulo, era utilizado como fábrica de beneficiamento de couro e, na década de 1970, a atividade industrial foi sendo desativada. Mas tudo começou no século 18, quando os missionários jesuítas estabeleceram suas primeiras propriedades rurais. Foi na segunda metade do século XIX, com o apogeu da economia cafeeira e a criação da estrada de ferro São Paulo Railway, que surgiram as primeiras indústrias na região.
Hoje o local abriga o Posto Poupatempo Lapa. O prédio tem os fundos voltados para as linhas de trem da CPTM e é composto originalmente por um conjunto de galpões com formato trapezoidal, que ocupa quase integralmente o terreno. “Os galpões têm volumes distintos, cada um com tipologia e cronologia construtiva diferente” comenta o arquiteto Pedro Taddei Neto.
Devido ao estado de conservação dos edifícios, o escritório elegeu as fachadas dos galpões de maior porte como os elementos mais significativos e passíveis de recuperação por meio de restauro. “Eram os únicos componentes com características originais da edificação histórica. Também nos concentramos em abrigar o funcional programa apresentado em um único espaço de grandes dimensões”, explica Pedro Taddei.
Segundo o profissional, as fachadas receberam tratamento apropriado às condições a que estarão expostas futuramente. Houve estabilização e estruturação, retirada dos elementos espúrios, recomposição, substituição, restauro e tratamento de tijolos, argamassas de revestimento e caixilhos. “Pouco mexemos nas características do projeto original” relata o arquiteto.
O prédio apresenta duas tipologias com diferentes linguagens arquitetônicas. Na primeira, duas naves com grandes panos revestidos de argamassa exibem detalhes como frisos, peitoris, sobrevergas, molduras e colunas em alvenaria aparente. As esquadrias são de madeira com folhas fixas e basculantes.
A segunda tipologia é uma continuidade da primeira, mas com predominância de alvenaria aparente com pequenos requadros revestidos com argamassa. As esquadrias são metálicas com folhas fixas. Alguns vãos abertos destituídos de esquadrias foram protegidos por chapas de madeira ou alvenaria.
Para ressaltar o contraste entre as linguagens arquitetônicas, o escritório propôs a criação de um jardim linear de três metros de largura – ao longo das fachadas dos grandes galpões – coberto por panos de vidro. A ventilação natural é assegurada pelos vãos das esquadrias, substituídas por grades de aço. “O novo edifício inicia após esse jardim, através de panos verticais de vidro e uma estrutura em treliça espacial com poucos pilares de apoio, destinado inteiramente ao atendimento ao público” conta Pedro.
Dois volumes menores receberam uma faixa de cobertura de vidro com cerca de 1,5 metro, que separa as duas estruturas. Dessa forma o projeto é cercado por luz natural abundante. “Próximo às fontes de luz e também de calor foram implantadas as áreas de circulação e de apoio, preservando-se um grande espaço interior, mais protegido para os serviços. A cobertura é térmica e dotada de dispositivos de iluminação natural controlada” explica.
Escritório
Termos mais buscados