Falar do futuro e, ao mesmo tempo, se inspirar na cultura e elementos regionais nem sempre é uma tarefa fácil. Ao desenvolver o projeto da Arena Cochabamba, que sediará os jogos sul-americanos de 2018, o escritório Fernandes Arquitetos Associados partiu da concepção histórica para criar um partido marcante e contemporâneo, que dialogasse com a raiz local.
Daniel Hopf Fernandes, arquiteto, conta que "o projeto arquitetônico deveria explorar a identidade predominante na região em que está inserido, na Bolívia, sendo de caráter quase emocional. Entendíamos, também, que esse conceito precisaria ser aplicado sem banalizar a forma ou sobrepor as questões técnicas, funcionais e econômicas".
Foram apresentadas duas opções baseadas na cultura local: a primeira busca representar uma flor típica andina, conhecida como "Kankuta tricolor", símbolo nacional por possuir as três cores da pátria em suas pétalas, e a "Bandeira Patujú"; e a segunda inspira-se nos tons do arco-íris, que compõem uma das bandeiras nacionais mais conhecidas nos tempos antigos, a "Bandeira Whipala", utilizada pelos Aymaras e Quechuas.
O arquiteto explica que, além das necessidades técnicas e funcionais de uma arena multifuncional para 60 mil pessoas, era essencial criar outras atividades e empreendimentos associados. “Isso potencializa a transformação desejada para a área e a cidade, sempre em sinergia com as atividades principais do futuro complexo esportivo”, arremata Daniel Hopf Fernandes.
O programa principal abrange o padrão das arenas multifuncionais contemplando arquibancadas, todas as áreas técnicas e de apoio para público, jogadores, artistas, imprensa e logística. Também estão previstos um hotel, centro de convenções e escritórios no corpo principal, com espaços comercias nos volumes adjacentes e integrados ao conjunto. ”Talvez o mais importante tenha sido a escolha da área, visto que grandes espaços são difíceis de encontrar dentro das cidades atualmente. Assim, o local escolhido se diferencia por ter localização privilegiada, boa infraestrutura, dimensão generosa e topografia adequada”, detalha.
Como elemento de diferenciação técnica, destaca-se a necessidade de utilizar soluções de cobertura e fechamentos, nos quais as condicionantes técnicas de grandes vãos e poucos apoios demandavam aplicações especiais.
“Para edificações de grande acúmulo de público, eventos esportivos e shows, a questão térmica e acústica é essencial. Essa situação está não somente ligada ao conforto, mas também ao desempenho e à qualidade da experiência do usuário. Nesse sentido a cobertura e os fechamentos passam a ter um papel crucial”, relata.
Os materiais predominantes são concreto e aço, utilizados tanto nas estruturas como nos fechamentos e revestimentos. Aliados ao vidro, são responsáveis pela composição principal de cobertura e fachadas.
Outras situações são importantes para a compreensão do projeto, como acessibilidade – condição básica de qualquer partido de grande magnitude, que foi incorporada desde o início –, assim como as questões ligadas à sustentabilidade, independentemente do desejo do cliente em certificar a edificação.
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