Uma das áreas verdes mais importantes de São Luís (MA), o Parque do Bom Menino precisava ser transformado em uma área ecológica de preservação ambiental. Para isso, o projeto do Architectus disciplinou e organizou as atividades e requalificou os espaços de modo a atender as condicionantes do plano de manejo tal qual os anseios da comunidade.
A requalificação urbanística do Parque do Bom Menino, Praça da Bíblia e entorno tinha como premissa sua transformação em uma área ecológica. Isso porque, legalmente, o espaço constitui uma unidade de conservação, que tem como objetivo a preservação da biodiversidade e da vida silvestre. Ele compõe um corredor com outras áreas verdes próximas, principalmente o Parque do Diamante. Como sempre foi muito urbano e intensamente utilizado pelos moradores de São Luís (MA) para atividades de esporte e lazer, o desafio era equilibrar as duas funções sem prejudicar o uso da comunidade.
Era preciso adequar os elementos construídos ao zoneamento ambiental; regularizar e ajustar as condições físicas dos pontos comerciais existentes; melhorar acessibilidade, piso, sinalização, iluminação pública, sistemas de saneamento e drenagem e, ainda, eliminar usos inadequados e ambientes insalubres. Tudo isso com mínima supressão possível da vegetação e aumento da cobertura vegetal, inclusive na calçada circundante.
O Plano de Manejo reorganizou quais áreas cumpririam função ecológica e quais concentrariam as edificações. Nos trechos norte e sul do parque – agora dedicados ao verde – foram retirados equipamentos de ginástica e edificações, e mantida apenas a pista de cooper. Neles, foi feita a diversificação da vegetação, incluindo espécies nativas. E, ainda, uma trilha com pontos específicos para observação da avifauna (birdwatching).
Já a porção central do parque concentrou as construções e equipamentos, tais como quadras descobertas, ginásio, bloco de apoio e administrativo.
O ginásio recebeu limpeza e pintura nas estruturas metálicas da cobertura, nas fachadas e no piso. A parte inferior das arquibancadas foi fechada com alvenaria. O gradil, as cestas de basquete e traves foram recuperados. Uma das quadras descobertas foi transformada em campo de futebol e os acessos adaptados de acordo com normas de acessibilidade.
O bloco administrativo teve pisos e forros trocados ou recuperados, além da instalação de grades e esquadrias para a melhoria da segurança das salas e prevenção contra roubos de equipamentos. O bloco de apoio teve vestiários reformados.
O anfiteatro – marco da arquitetura modernista maranhense instalado na região sul do parque – foi preservado, mas recebeu muitas intervenções para atender com segurança e conforto eventos internos ou externos. A nova configuração permite a instalação de palcos móveis. A arquibancada tem degraus e corrimãos para facilitar a circulação do público. Foi construído, ainda, camarim com sala de ensaio e guarda de equipamentos, apoio, e banheiros para o público. O painel artístico existente foi recuperado e destacado com iluminação cênica. Junto à fachada principal foi feito um espelho d’água com fonte.
Para organizar o comércio local, os arquitetos propuseram quatro quiosques, divididos em dois volumes e separados por uma praça de alimentação – área com mesas e cobertura de policarbonato alveolar. O espaço dedicado aos floristas trocou tendas por estruturas de madeira com pergolado e piso permeável.
Dois conjuntos de equipamentos de ginástica (demolidos) tiveram seus aparelhos redistribuídos em áreas de convivência existentes. O bloco que abrigava a segurança também foi totalmente refeito. A nova guarita agora está situada no centro do terreno com ampla visibilidade para os dois acessos principais.
O Parque do Bom Menino recebeu um novo acesso, ao sul, promovendo uma conexão mais fluida com a Praça da Bíblia e com o Skatepark. Essa praça, por sua vez, foi adaptada para proporcionar conforto à realização de eventos religiosos. Foram instalados mais bancos e áreas com cobertura, além de um playground e dois quiosques.
Pontos de lançamento irregular de águas pluviais e de esgoto no sistema público de saneamento e drenagem do parque foram corrigidos com a reestruturação do sistema de esgoto, que conduz corretamente os efluentes, evitando a contaminação do solo e dos recursos hídricos.
Para reduzir alagamentos a proposta de requalificação resgata a biovaleta – solução prevista na reforma de 2005, idealizada por Rosa Grena Kliass e executada apenas em um pequeno trecho junto ao bloco de apoio. A biovaleta atravessa o terreno no sentido longitudinal concentrando toda a contribuição de drenagem incidente sobre a área do parque e seu entorno imediato. A solução reduz o impacto das enxurradas, aumenta a infiltração do solo e filtra a água da chuva, contribuindo para a melhoria da qualidade das águas. A biovaleta receberá, ainda, a água da trincheira de drenagem (construída para solucionar as infiltrações do anfiteatro).
O paisagismo integra a biovaleta com espécies de mata ciliar e vegetação palustre – que contribuirão para a fitorremediação da poluição difusa e devem atrair espécies silvestres. O projeto de iluminação pública – pensado para proporcionar mais conforto e segurança aos usuários – prioriza uso de lâmpadas LED, com baixo consumo energético e alto índice de reprodução de cor.
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