Com a arquitetura que inspira um bom conto, o Recanto do Escritor, de autoria do escritório Architectare, está localizado em meio à natureza de um condomínio em Itaipava, no Rio de Janeiro. Os autores do projeto, os arquitetos Flavia Quintanilha e Rodrigo Fernandes, contam que a edificação foi projetada sob o símbolo da caverna, pois com seu simbolismo amplo e diversificado sugere abrigo, autoconhecimento e libertação por meio do pensamento, entre outros significados. “Ele representa tudo o que um artista precisa para se concentrar”, resumem os profissionais.
A partir de uma pequena área edificante remanescente, os autores projetaram o formato da edificação. Além disso, o conjunto completo cria grande interação entre exterior e interior. “Pela grande janela pode-se admirar com clareza as diversas escalas da passagem do tempo, desde as horas, passando pelos dias até as estações do ano”, completa a arquiteta.
De longe é possível ver as fachadas longitudinais de pedras originais do terreno moldarem em conjunto com a estrutura metálica o contorno do projeto, que parece talhado entre as folhas. “A fachada mais fechada em uma das pontas, onde fica o banheiro, é revestida de madeira. Já a frente que dá para a mata é toda de vidro”, conta Flavia ao justificar o uso dos materiais a partir do próprio entorno e programa do projeto.
Para a autora, cada material predominante possui um ponto-chave para o desenvolvimento da estrutura do recanto. A pedra, por seu peso, dá um aspecto sólido à construção e passa confiança. O vidro, em contraste, proporciona a leveza e a interação com o exterior, o que garante uma orientação no tempo e no espaço. Já a madeira aquece o ambiente, aumenta a sensação de segurança e acolhe.
O escritório se baseou fielmente no pedido dos proprietários, que desejavam o máximo de aconchego no pequeno projeto. “Apenas um quarto recluso com uma copa e um banheiro”, e assim foi feito. A cobertura é metálica e as esquadrias, de alumínio e vidro. Para que o ambiente permaneça aquecido, foi utilizada tábua corrida de peroba do campo no piso e forro do teto.
O projeto de iluminação aproveita 100% da luz natural, absorvida pela transparência dos vidros das fachadas, sendo totalmente dispensável o uso de luzes artificiais durante o dia. No projeto de interiores, os próprios materiais usados na construção são os elementos decorativos. “Acreditamos que uma arquitetura bem-concebida deve funcionar como decoração, eliminando a necessidade de adereços”, concluem Flavia Quintanilha e Rodrigo Fernandes.
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