Ocupado por dois antigos galpões no bairro da Vila Leopoldina, em São Paulo, um terreno de 1.000 metros quadrados antigamente era o local em que funcionava uma oficina de tratores. Hoje é palco para o gracioso restaurante Mangiare, de autoria do escritório AR Arquitetos.
Para a arquiteta Marina Acayaba, a única dificuldade da obra era o fato de o salão ser muito grande. “Não podíamos deixar a impressão de vazio no local, pois ainda tínhamos de integrar a dupla de galpões construída em épocas diferentes em apenas um pavimento”.
Os autores se basearam em três processos para compor o visual do projeto. Primeiro, transformar o espaço de 650 metros quadrados em um local acolhedor. Segundo, criar uma linguagem única para os galpões, de arquiteturas diferentes entre si, e terceiro, alinhar a arquitetura ao conceito slow food de premissas sustentáveis.
A fachada de tijolos existentes e com cor forte é o abre alas para o restaurante sustentável e despojado, do tipo industrial – linha que norteou o design arquitetônico. Já as antigas janelas foram reaproveitadas para criar sheds de iluminação que contribuem para a luz natural e compõem o toque do novo telhado.
O partido de intervenção revelou os galpões, inserindo um grande elemento estruturador que articula a união entre estes e resolve o programa. “Para isso uma estrutura de aço percorre todo o restaurante e dá unidade aos galpões”, aponta Marina como diferencial do restaurante. Essa sustentação em chapa de aço-carbono bruto de 50 metros de comprimento percorre todo o espaço que contém a rotisseria e adega na entrada e a cozinha aparente ao fundo. Ao longo do espaço é possível ver o bar e as mesas coletivas que, juntos, criam um pé-direito confortável nos ambientes.
O empreendimento existente ajudou arquitetonicamente o escritório AR Arquitetos em todo o projeto e em pontos que evidenciam suas características. Um exemplo disso é a acústica trabalhada com o processo de inserção de celulose no antigo teto, assim, geometria e materiais de acabamento proporcionam um melhor desempenho e qualidade de vida ao cliente.
O mobiliário foi feito com madeira de demolição. O piso do grande recuo da entrada é 95% permeável. O aquecimento de água é solar e as águas pluviais dos telhados são captadas para regarem o jardim e a lavagem de piso. Além disso, a estrutura planejada cria uma hierarquia visual ordenadora, propondo uma escala mais aconchegante, que associada à vegetação disposta entre as mesas ao longo do espaço, deixa o Mangiare mais sustentável e verde.
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