Abraçado pela Mata Atlântica, o condomínio residencial Sertão do Una encontra-se num dos lugares mais privilegiados da praia Barra do Una, em São Sebastião, litoral norte de São Paulo. Com a intenção de melhorar a infraestrutura do local, os proprietários acionaram a equipe do Apiacás Arquitetos para projetar o Pavilhão do Una – uma ala de 240 m² que abriga portaria, sala multiúso e áreas de serviço. Além de estabelecer essas funções, o conjunto realçou a entrada graças ao ripado vertical de madeira que se desprende do chão.
O espaço exerce outras funções além de controlar a entrada e a saída de pessoas; ele é de fato um pavilhão de uso múltiplo, que oferece espaços para reunião dos moradores e ambientes de apoio para os funcionários Anderson FreitasSegundo o arquiteto Anderson Freitas – que assina o projeto arquitetônico junto aos sócios Acácia Furuya e Pedro Barros –, o local no qual foi implantado o condomínio Sertão do Una era antes ocupado por uma antiga fazenda. Aos poucos o terreno passou a ser rateado entre os moradores e o residencial começou a tomar forma.
Após algum tempo, a administração do empreendimento considerou a ideia de modernizar os espaços, determinando que um dos pontos mais importantes seria dar suporte à associção de moradores. Consequentemente, serviria como um marco de entrada, que Freitas evita chamar de portaria.
“O espaço exerce outras funções além de controlar a entrada e a saída de pessoas; ele é de fato um pavilhão de uso múltiplo, que oferece espaços para reunião dos moradores e ambientes de apoio para os funcionários”, explica o arquiteto.
Freitas enfatiza que, apesar de o condomínio ser uma área privada, ele possui ligação pública para as cachoeiras (garantida por lei). Isso reforça o conceito de que o Pavilhão do Una não é uma portaria, uma vez que estava proibido o controle de acesso. Apenas durante à noite o residencial está autorizado a monitorar quem entra e quem sai do local.
Por ser resistente, leve e de fácil manuseio, a madeira foi escolhida pelos arquitetos como material predominante. De acordo com Freitas, ela suporta muito bem as condições agressivas do litoral, sobretudo, quando em contato com o ar; não com a água parada.
Definido o material, a ideia princial era construir um esqueleto de madeira leve, com fechamentos somente de brises e caixilhos em áreas estritatamente necessárias. Além de conceber a arquitetura e o mobiliário do pavilhão, o Apiacás também estava incumbido de administrar e executar a obra. Então, logo no início os profissionais já haviam determinado que a estrutura seria pré-fabricada.
Montada em três meses, a estrutura é composta por pilares e vigas em madeira cumaru, estrategicamente posicionados em eixos centrais para dar maior liberdade às portas pivotantes que compõem a entrada. Já os fechamentos se formam através de ripas de madeira intercaladas, que atuam como brises verticais, filtrando os olhares para o condomínio e para a vegetação do entorno. Além disso, peças metálicas se encarregam de conectar os elementos.
Diferentemente da madeira, o concreto é resistente quando em contato com o solo úmido (típico das regiões praianas). No caso do condomínio, ele é também alagadiço, uma vez que está próximo a um córrego. Foi pensando nisso que os arquitetos decidiram executar a fundação em concreto, elevando o piso a 50 cm da gleba.
O arquiteto Freitas acescenta que, além de evitar o contato da estrutura de madeira com o chão úmido, o levantamento do piso ajudou na questão do condicionamento térmico do projeto. Ao criar um vão, ele facilita a troca de ventilação natural.
Tal como os brises verticais, a cobertura (fabricada em telhas metálicas) intensifica esse processo, pois possui um desligamento contínuo em todo o perímetro que permite o fluxo de ar por convecção.
Por questões de segurança, a guarita segue o caminho contrário: fechada com vidro e equipada com ar-condicionado.
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