Durante a construção da casa Busca Vida, as afinidades sobre método construtivo e questões ambientais surgiram entre os moradores e os arquitetos do escritório André Luque Arquitetura desde as primeiras etapas do projeto. A residência, que possui vegetação abundante, está localizada na cidade de Camaçari, costa norte da Bahia, próxima à praia de Busca Vida, que nomeou a morada
“Basicamente, a vegetação existente ditou a implantação da casa. Foi nosso objetivo principal desde o início preservar o maior número de espécies possível, resultando na remoção de apenas uma pequena árvore. O projeto tem muita integração com a mata, perde-se a noção até do que é externo e interno”, relata o arquiteto André Luque.
Pelas características do solo, a fundação foi executada em concreto armado, elevando a casa do chão, o que elimina os problemas de umidade e melhora o sistema de ventilação natural. Sobre a base da estrutura de concreto, o material utilizado nos pilares, nas vigas e na estrutura da cobertura é feito de madeira cumaru. O sistema de ventilação também recebeu atenção especial.
“A estrutura de madeira projetada com um sistema de duas vigas paralelas abrange todo o perímetro dos blocos. Nas vigas inferiores, há painéis de vidro de correr, enquanto as superiores apoiam a cobertura. No espaço existente entre esses dois conjuntos de vigas, telas mosquiteiros permitem ventilação cruzada em toda a casa, mesmo quando os painéis envidraçados estão fechados”, explica o arquiteto.
Pensando na comodidade do cliente, o arquiteto separou o programa em dois pavilhões, para que fosse possível receber hóspedes e manter a privacidade. A ideia foi ter uma casa feita para curtir sozinho ou na companhia de amigos.
“São dois pavilhões de madeira em níveis distintos. O acesso principal é feito por uma grande rampa, desenvolvida para não atrapalhar a árvore existente, nem machucar quem passa. Há também um pátio descoberto. Os pavilhões foram construídos de maneira muito simples, e a compreensão do projeto torna-se fácil”, comenta André.
O pavilhão principal, projetado exclusivamente para o uso do dono, acomoda suíte, áreas de estar, TV e serviço, despensa, cozinha, depósito e sala de jantar integrada ao estar. A parede onde esta localizada a cozinha possui um lavabo próximo à área externa, que atende, ao mesmo tempo, quem usa a piscina e quem está dentro da casa.
O segundo pavilhão, desenhado para os hóspedes, possui três suítes. A conexão entre os dois blocos acontece por meio de uma área social comum e coberta, colocada ao lado da cozinha gourmet. Alinhados ao primeiro bloco, há o deck e a área da piscina – que permitem a expansão e integração da área interna. No total, são 445 m² de área construída.
A fachada reflete basicamente uma questão regional. André descartou elementos caros ou importados porque os materiais precisavam ser locais, mas sem deixar a casa muito sofisticada.
André explica que a estrutura foi fechada com tijolo baiano – cerâmico. “Usamos também areia grossa para dar uma textura. O acabamento é em cal – material utilizado para unir e revestir as alvenarias, devido à plasticidade e durabilidade que acrescenta às argamassas. Sem corantes nas tintas, com revestimento neutro, a casa absorve a cor ao redor. É alvenaria branca e paredes caiadas”, resume o arquiteto.
O projeto concebido com linhas contemporâneas utiliza ventilação e iluminação natural por meio dos grandes painéis de vidro que se movem. Por ser bastante aberta, durante o dia há iluminação natural abundante, sem a necessidade de luz artificial.
A ventilação vinda de cima da casa propicia a entrada de muita luz para dentro dos ambientes. A iluminação entra também pela extensão da tela mosqueteiro.
“O telhado invertido com queda para o centro e a estrutura de compensado de madeira com manta favoreceram o uso de arandelas, em vez de luminárias embutidas ou aplicadas. As arandelas jogam a luz para cima, rebatendo no forro e dispensando o uso de luz direta”, conta André Luque.
Ao fazer um estudo sobre a ventilação da casa, o arquiteto descobriu que o ar localizado embaixo do projeto cria um colchão de ar mais fresco do que a ventilação vinda de cima. Por isso, todos os espaços têm uma série de furinhos nos pisos para a saída do ar, embora protegidos com tela para insetos.
“À medida que o ar esquenta, o colchão de ar do chão é puxado. Então, sempre estará entrando um vento mais gelado pelos orifícios É uma forma de ter ventilação natural constante, mesmo em época escassa”, complementa.
“A ideia foi trabalhar com uma vegetação tropical que, mesmo transplantada, desse a impressão de estar ali há muito tempo. Sem muita organização, o paisagismo transmite uma sensação de natureza rústica e selvagem, como se não houvesse um projeto”, expõe André Luque. Como o terreno possui muita árvore, o local é muito sombreado. Para complementar o quadro paisagístico, os profissionais acrescentaram a grama amendoim, que se desenvolveu muito bem no local.
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