Transformar e dar um uso completamente novo foi o que inspirou a equipe de profissionais do escritório André Luque Arquitetura a idealizar o projeto arquitetônico do sítio Marigold, no município de Secretário, a aproximadamente 100 km da cidade do Rio de Janeiro. “O fato de ser um retrofit representou uma oportunidade, pois nem sempre temos em mãos uma obra com esse perfil. Trata-se de uma reforma – cujo formato original da construção foi preservado – e tinha como objetivo customizar e melhorar os espaços, adaptando o uso e a estrutura existentes”, declara André Luque, arquiteto titular do escritório.
Não há divisão entre o interno e o externo, tudo está integrado André LuqueOs três pavilhões dotados de 194 metros quadrados de área útil contemplam um programa completo, mas individualmente eles assumem usos diferentes. Antes eram depósitos, garagem e até galinheiro. Agora, redesenhados, dispõem de toda infraestrutura necessária a uma residência voltada para acolher a família e os amigos dos proprietários.
Durante a reforma, apenas a volumetria externa foi mantida. Os pilares centrais e as paredes internas foram removidos e, em contrapartida, as tesouras de madeira precisaram ser reforçadas com uma viga mais alta. As aberturas também mudaram de lugar. “Havia vitrô e janelas pesadas, de ferro, mas era necessário trazer iluminação natural para os pavilhões. Então optamos por janelas maiores”, conta Luque.
As fartas aberturas deixam entrar a vegetação externa formada por grandes árvores adultas, em uma tentativa bem-sucedida de trazer a natureza para o interior da morada. “Não há divisão entre o interno e o externo, tudo está integrado”, completa.
Redefinida, a fiação dos novos pontos de infraestrutura para hidráulica, elétrica e ar condicionado agora passa pelo forro. A cobertura recebeu manta aluminizada. “Refletora, ela bloqueia o calor e contribui para o conforto térmico, deixando o espaço muito mais agradável. Além disso, todos os ambientes têm ventilação cruzada”, diz Luque.
No ano de 2012, quando o sítio foi comprado, o arquiteto André Luque visitou o lugar e, ao ver os pavilhões antigos, deteriorados e fragmentados no terreno, imaginou como primeira solução a demolição deles e o início de um novo projeto. Mas os proprietários tinham outra ideia em mente. “Eles queriam preservar o sítio existente, aproveitar o máximo possível das estruturas, reformar e dar um uso completamente novo a cada uma delas”, conta André.
Seguindo esta linha de raciocínio, a casinha com função de lavanderia transformou-se em uma casa de hóspedes com 40 metros quadrados. Posicionada na cota mais alta do terreno, possui a menor metragem entre as construções. No programa enxuto há o básico para uma confortável acomodação: sala de estar, quarto e banheiro.
O pavilhão maior, com 77 metros quadrados, por sua vez, esbanja generosas aberturas – ideais para o convívio – e abriga a área social. A aconchegante sala de estar oferece televisão e lareira, enquanto a sala de jantar é integrada à cozinha gourmet. Uma área de serviço com lavabo, despensa e lavanderia com acesso independente complementam o programa.
No terceiro pavilhão, também com 77 metros quadrados, ficam os aposentos dos filhos. São duas suítes e uma sala íntima no centro equipada com área de jogos, estar e televisão. Luque reflete: “O projeto ficou realmente bacana porque respeitamos a vontade dos moradores. Não tentamos impor uma arquitetura fruto de um desejo nosso, de fazer um novo partido, em um estilo contemporâneo”.
Debaixo da copa de uma mangueira, o arquiteto projetou um pátio com função de cozinha gourmet externa. “Criamos uma construção de concreto e pedras – materiais ideais para ficar ao ar livre o tempo todo. Nela, a família recebe parentes e amigos em um gostoso dia de sol”, descreve o arquiteto. No mesmo platô, Luque projetou um novo pavilhão para acomodar a área de convívio. Ele é equipado com sala de descanso, hidromassagem, sauna, bancada de apoio, vestiário e um grande salão com mesa de bilhar.
Eles queriam preservar o sítio existente, aproveitar o máximo possível das estruturas, reformar e dar um uso completamente novo a cada uma delas André LuqueO pavilhão de lazer – o único pavilhão inteiramente novo – tem cobertura de uma água só, com estrutura de madeira cumaru e fechamentos de vidro. No piso externo, placas em lascas de pedra mineira estão só apoiadas na grama. Elas se encaixam, mas respeitam o espaço de, aproximadamente, 10 centímetros entre uma e outra. No vão, o crescimento da grama forma uma atraente composição. Centralizada no espaço, a mesa de concreto agrega toda a família e compartilha uma vista de 360 graus de todo o sítio.
Por estar em uma região de clima estável, sem índice elevado de chuvas ao longo do ano, a circulação entre os pavilhões virou um agradável passeio, acontecendo ao ar livre. Os acessos promovem o contato com a natureza exuberante dos arredores.
Interior e exterior refletem a simplicidade e harmonia dos materiais escolhidos: madeira, pedra e cimento queimado. As venezianas receberam acabamento em um alegre tom de azul, enquanto o revestimento de pedra nas fachadas dos pavilhões deu uma 'cara' mais rústica ao conjunto. André Luque conta que essa solução também serviu para tratar a umidade local. “Fizemos um trabalho de impermeabilização do baldrame e das paredes, para não ficarem expostas tocando o chão”.
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