Desenhado para um jovem casal de fotógrafos, a Residência P.A está localizada na cidade de São Paulo, em um terreno com 600 m² densamente arborizado e cercado por um lago ao norte. “A casa foi feita a partir de dois volumes conectados, com composição e materiais contrapostos, que formam a estrutura básica”, explica o arquiteto Vinícius de Andrade, do escritório Andrade Morettin Arquitetos.
A residência está disposta seguindo o eixo longitudinal ao terreno e implantada sem interferir no seu perfil natural. Esses volumes tiram partido da grande cobertura vegetal existente no local, buscando estabelecer sua área de vivência no espaço compreendido entre o solo e as copas das árvores.
O volume principal é um salão delimitado por uma leve estrutura de madeira jatobá – nome popular referente a árvores do gênero Hymenaea, cuja madeira apresenta resistência para tornear e faquear –, fechado com painéis de policarbonato alveolar. De chapa lisa com cavidades internas, esses painéis oferecem transparência e proporcionam uma interessante relação com o ambiente em volta.
“Esta pele translúcida cede à transparência do vidro em uma das quinas do volume, selecionando uma vista particular do lago. O salão, que se caracteriza pela fluidez do espaço e pela particular qualidade envoltória, tem a capacidade de incorporar a paisagem natural ao ambiente doméstico, diluindo a rigidez do tradicional domínio privado”, comenta o arquiteto Marcelo Morettin, também do escritório Andrade Morettin.
Apenas uma cortina retrátil delimita a área destinada ao dormitório, dando dimensão temporal. Uma rede modular de instalações sob o assoalho completa a infraestrutura necessária ao espaço. “Por razões construtivas e de composição, resolvemos que esta “caixa de luz” deveria estar solta do chão, apoiada sobre muros de alvenaria. Pela mesma razão, a cobertura, de telhas metálicas termoacústicas, constitui um plano inclinado e solto sobre o volume, o que mantém sua integridade formal”, relata Vinícius.
O segundo volume – o bloco de serviços – concentra os equipamentos e instalações da casa, como cozinha, lavanderia, banheiro e reservatórios de água e de gás. Esta área tem tudo oposto ao primeiro. “Foi imaginado como uma pedra cravada no chão que nasce diretamente do solo com paredes grossas de alvenaria e protege o pavilhão principal do sol.
As bancadas da cozinha e do banheiro, assim como os armários e as divisórias internas, também são de alvenaria e concreto. As poucas aberturas possuem tamanho e localização determinados conforme a função que desempenham, acentuando o caráter mais fechado e pesado deste volume”, conta Marcelo.
“Os vários graus de transparência que caracterizam o fechamento do pavilhão, reagindo às variações de luz, natural ou artificial, propiciam distintas leituras do objeto arquitetônico. Ao mesmo tempo, as distorções e ambiguidades geradas pelas chapas de policarbonato alveolar possibilitam uma percepção da paisagem que se altera a cada instante. O material revela efeitos luminosos e imagens transfiguradas que situam a casa entre a abstração e a figuração”, finaliza o arquiteto Vinicius.
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