Logo Construmarket
Banner

Residência FR

Residência FR
A Residência FR foi projetada pelo escritório Andrade Morettin Arquitetos Associados e fica no litoral norte paulista, na Praia Vermelha do Norte, também conhecida como Vermelha dos Arquitetos. Imagens: Pedro Kok
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR
Residência FR

Mimetização de uma natureza exuberante

Texto: Naíza Ximenes

Aspecto de praia deserta, mar, areia, muitas árvores... e nenhuma construção à vista. Esse é o visual da Praia Vermelha do Sul, no litoral norte paulista, também conhecida como Vermelha dos Arquitetos. Isso porque, apesar de a praia estar inclusa em um planejamento urbano municipal que proíbe qualquer construção no local, ela faz parte da área compreendida por um condomínio de alto padrão, que tem várias obras projetadas por arquitetos renomados.

Entre eles, está o escritório Andrade Morettin Arquitetos Associados, que, durante o período de pandemia, recebeu um convite especial: projetar a Residência FR, justamente na Vermelha dos Arquitetos.

Em entrevista à Galeria da Arquitetura, Marcelo Maia Rosa, que integra a equipe do escritório, conta que, na época, as construções estavam congeladas e havia pouquíssimos terrenos vagos no local. O do proprietário dessa morada era um deles — e um dos últimos com frente para a praia.

Ter um terreno com essa localização, nesse caso, não significa ter vista para o mar ou o clássico “pé na areia”. Embora a faixa de areia tenha mais de 400 metros de extensão, há um código de ética no condomínio que prevê a divisão entre os lotes, obrigatoriamente, com muros de cercas-vivas — tanto entre os terrenos, quanto entre os terrenos e a praia. A estratégia preserva a vegetação de Mata Atlântica preexistente e ainda impede a integração entre praia e construção.

“Acabou sendo um evento bastante especial, pensando em todo o histórico que a região tem em relação a várias obras de arquitetos consagrados”, comenta Maia Rosa. “O lote desse proprietário estava bem protegido por essa faixa de preservação, bastante envolto por uma vegetação nativa que condicionou completamente o partido de desenvolvimento do projeto.”

De veraneio para permanente

Inicialmente, o projeto foi pensado para uma casa de veraneio, mas que — novamente, em função do período de pandemia — acabou se tornando uma morada permanente. Além de mimetizar o entorno exuberante, havia um outro pré-requisito: um programa reduzido. Pensando na quantidade de familiares e mais um hóspede, a casa deveria ter três quartos, áreas sociais, de lazer e serviços.

Ao iniciar os estudos do terreno, a equipe de arquitetos percebeu que, além de ter dimensões reduzidas, ele ficava próximo a uma viela em uma lateral (um acesso público à praia) e tinha um vizinho com uma obra bem consolidada na outra. Ou seja, garantir a privacidade era uma preocupação. 

Pensando nisso, a aposta foi projetar uma casa de dois pavimentos, com uma ocupação concentrada em uma área específica e que não fosse muito larga. A casa ganhou, assim, paredes laterais opacas e frentes translúcidas. Os beirais que se estendem do telhado nessas duas faces são de painéis alveolares de policarbonato, que filtram a luz, o som e o calor.

Partindo para a implantação, a equipe de arquitetos decidiu que a morada seria completamente pré-fabricada em madeira laminada colada, a MLC — já que, além de ser mais leve, toca o solo de uma maneira muito pontual. 

A troca entre o chão e a construção era uma preocupação extra, devido à extrema umidade da região. 

A solução para esse problema foi apostar na ventilação, cruzada e abundante. Assim, a casa foi inteiramente erguida do solo — para que o ar passasse entre o piso e a terra, não houvesse a possibilidade de resfriamento do próprio piso e ainda garantisse baixo impacto sobre a superfície. O mesmo acontece entre o forro e a cobertura.

A experiência

O acesso à Residência FR é feito por uma rua de paralelepípedos em um leve aclive, onde o morador pode estacionar até dois carros. O caminho até a entrada é livre, sem coberturas e marcado pela densa vegetação em ambas as laterais. À direita, antes mesmo de entrar na casa, há um volume ligeiramente descolado que abriga a lavanderia e demais serviços — quase como uma caixa.

Para entrar na casa, o morador sobe três degraus (que evidenciam a elevação da obra em relação ao solo) e já se encontra no pavimento principal. A primeira estrutura visível é a das portas metálicas de enrolar, que formam dois grandes véus permeáveis no entorno de toda a obra.

A fachada é dividida em duas pela estrutura que forma o piso do segundo andar. Em ambos os pavimentos, as portas são de correr — ora de vidro, ora de ripas de madeira.

A entrada acontece pela sala de estar. A utilização da madeira em toda a estrutura da casa é notável, já que ela está nas paredes, piso, teto, escada — e, apesar de não fazer parte da sustentação da casa, também está no mobiliário.

sala de estar da residencia fr andrade morettinA parede avermelhada atrás do sofá é de um MDF que ganhou revestimento resistente ao fogo 


O átrio central é dividido em sala de estar, à esquerda, e sala de jantar, à direita. Seguindo em frente, outras portas de vidro de correr levam o morador ao espaço de lazer, em uma área externa, marcada por poltronas de descanso.

Na parede que forma o encosto da sala de estar, à esquerda, há uma porta que leva à suíte pensada para proporcionar acessibilidade. Diferente da estrutura da casa, essa divisão foi revestida por um painel de MDF diferente, com revestimento resistente a fogo e tom avermelhado.

À direita da sala de jantar, um painel retrátil separa (ou integra) a cozinha da sala. Subindo as escadas, o primeiro cômodo visível é o escritório, que ganhou integração opcional com o outro andar devido aos painéis deslizantes de MDF avermelhado. O metal preto do corrimão se repete no guarda-corpo de toda a passarela do mezanino, também de madeira.

No outro extremo da passarela, há dois quartos que compartilham um mesmo banheiro, com dimensões generosas.

“Acho válido mencionar que a Residência FR tem no térreo duas pequenas varandas muito importantes, que são como dois grandes protetores”, explica o arquiteto. “Elas criam uma zona de proteção de sombreamento que permite que todos os caixilhos da casa possam ficar abertos, numa noite mais quente, por exemplo, e os moradores se protejam de insetos ou de animais através dessas telas externas.”

O projeto de iluminação da residência é pontual e proporciona imagens diferentes do projeto de dia e à noite. Pontos de luz indiretos, uso em demasia de arandelas e algumas luminárias de piso completam a casa.

Confira outros projetos de Andrade Morettin Arquitetos:

Escritório

  • Local: SP, Brasil
  • Início do projeto: 2020
  • Conclusão da obra: 2021
  • Área construída: 240 m²

Ficha Técnica

Fornecedores desta obra

Veja outros projetos relacionados