Situada no bairro dos Jardins, em São Paulo, a Residência AB, projetada pelo escritório Andrade Morettin, tira proveito da localização privilegiada e faz da integração com a natureza seu traço marcante. Todos os espaços mantêm uma relação clara com o parque de mais de 1.500 m² onde está inserida.
“As influências são muitas e difusas, porém o jardim foi a mais importante fonte de inspiração. Os proprietários, conhecedores de arquitetura, desejavam uma casa a um só tempo arrojada e discreta”, conta o arquiteto Vinícius de Andrade.
O projeto se destaca pela leveza e a franca relação que estabelece entre os espaços internos e externos. No térreo, as áreas de convívio estão localizadas sob a sombra do volume superior da casa, conectadas ao jardim através de uma grande varanda e das portas de correr de vidro, que podem ser recolhidas totalmente, criando uma abertura de 14 metros de largura.
Sustentada pelo pilar central de concreto armado, a estrutura do volume de vidro foi concebida parecendo flutuar sobre o jardim. Ela abriga a escada de acesso ao pavimento superior. “A articulação entre os planos horizontais e o pilar de sustentação é reforçada pela criação de vazios ao redor de toda a caixa de concreto, que são utilizados também para trazer luz natural da cobertura para o interior da casa”, explica o arquiteto.
“A segunda pele, composta pelos painéis de vidro serigrafado (material que recebe desenhos ou cores por meio de telas de silkscreen), é toda automatizada com painéis pivotantes, impulsionados por meio de magnetismo”, comenta Vinícius. O projeto de interiores foi desenvolvido em inteira sintonia com os proprietários, sendo eles os principais responsáveis.
Os ambientes do nível inferior da residência são totalmente integrados, desde a cozinha até o escritório, passando pelos ambientes de estar e jantar. O volume superior, concebido como uma caixa translúcida, abriga os quartos e outros ambientes que requerem maior privacidade. Todo esse pavimento é fechado por uma pele de vidro serigrafado, que funciona como filtro de luz e quebra-sol.
Já a estampa que compõe a serigrafia funciona como uma reverberação da imagem do parque na superfície da casa, reforçando a interdependência entre o objeto arquitetônico e a natureza. Bernardo relata que o projeto de iluminação explora a característica cambiante desta segunda pele, valorizando sua transparência.
“O projeto de paisagismo pauta-se pela continuidade dos espaços internos, basicamente estruturado em dois corpos. À frente há um corpo mais contemplativo, com água; e no fundo, um jardim para lazer”, finaliza.
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