Desde maio de 2017, um antigo casarão que segue imerso na paisagem verde do Parque Burle Max, em São Paulo (SP), abriga o primeiro empreendimento da rede hoteleira Oetker Collection na América Latina: o Palácio Tangará. Além de passar pela revitalização arquitetônica de B+H Architects, PAR Arquitetura e Bick Simonato Arquitetura e Decoração, o edifício contou com projeto de interiores da arquiteta Patricia Anastassiadis, sócia-fundadora do Anastassiadis Arquitetos. Lobby, bar, restaurante, spa e 11 salões de festas evocam a sofisticação dos tempos do Brasil colonial com requintes modernos.
A história do Palácio Tangará começou lá atrás. Cercada pelo projeto paisagístico de Roberto Burle Max, a propriedade foi requisitada ainda na década de 1940 pelo empresário Baby Pignatari. Na época chamada de Chácara Tangará, a edificação serviria como um palácio, onde morariam ele e sua esposa Ira Von Furstenberg.
Após a separação do casal, a obra permaneceu inacabada durante muitos anos até que foi concluída e comprada por um fundo de investimentos norte-americano, com administração da Oetker. Após muitas idas e vindas, deu-se início à revitalização do palacete, de modo que apenas em 2015 Patricia Anastassiadis assumiu o projeto.
A arquiteta foi responsável pela concepção das áreas comuns e sociais do hotel Tangará. Segundo a profissional, o objetivo era evidenciar a riqueza dos minerais, das matérias-primas e do design estritamente nacionais, com toques contemporâneos.
Um dos maiores exemplos disso está na recepção, cujo recorte côncavo no teto criou um tipo de domus que abriga o trabalho da artista brasileira Laura Vinci, chamado de Lux Capela. Feito de folhas de ouro, o elemento decorativo lembra, de um jeito moderno, o período do Brasil colonial. Atrás do balcão, a obra Mixirica, do artista plástico brasileiro Artur Lescher, complementa a cena. Como afirma Anastassiadis, “o layout foi planejado a partir dessas obras, e não ao contrário”.
Antes de sua intervenção, a arquiteta encontrou uma estrutura de cimento e pilares áridos, com fechamentos austeros. Para dar leveza aos espaços, sobretudo ao lobby, as paredes foram revestidas com boiseries de baixo relevo.
Esse espaço ainda traz referências internacionais quando mistura materiais como vidro, latão e couro, que estabelecem uma releitura dos grandes hotéis franceses. “Faço algumas interferências com camurça e pedra para criar novas camadas que plasmam texturas. Isso intriga o olhar e aciona o tato”, conta a arquiteta. Os espelhos aplicados nas colunas refletem a vista do parque, já privilegiada pelas grandes janelas, que também evocam as estruturas do período colonial.
Em algumas áreas, como no lobby, o novo piso de mármore ganhou um “tapete” elipsoidal em parquet francês, que foi executado em padronagem solar de listras estilo chevron. Já no restaurante, surge um tapete de 200 m² desenhado por Anastassiadis em tons degradê e executado na Índia.
Ela também assina parte do mobiliário. Com estilo aerodinâmico, curvas sensuais e proporções generosas, poltronas, sofás e cadeiras fazem referência a grandes movimentos artísticos, como o Art Déco e o Art Nouveau, além dos traços orientais.
Uma aquarela acinzentada, que foi utilizada por Debret no século XVIII, inspirou Anastassiadis na paleta cromática do Palácio Tangará. “Fizemos um estudo cuidadoso para chegar à tonalidade das paredes, buscando um cinza que não fosse frio”, detalha.
O spa do Palácio Tangará foi feito por Anastassiadis em parceria com a Sisley – empresa francesa de beleza. O espaço, que possui um jardim privativo, expõe outros móveis especiais desenhados pela arquiteta.
Um dos grandes detalhes do ambiente é o espelho d’água, completamente revestido por pastilhas. Sobre ele caem suspensões de aço que criam um elemento inusitado, impactando o olhar dos hóspedes logo na entrada. Em seguida, eles se deparam com uma piscina semiolímpica, revestida com mármore e detalhes em pastilhas.
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