Doze anos após a inauguração do Anavilhanas Jungle Lodge, um hotel situado em plena selva amazônica, seus proprietários recorreram novamente ao escritório AMZ Arquitetos. Desta vez, para projetar o Villa Amazônia, empreendimento hoteleiro no centro histórico de Manaus (AM).
Por solicitação do cliente, o hotel fica numa região especial da capital amazonense, entre a orla do Rio Negro e o entorno do Teatro Amazonas, área tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2012. O local escolhido para abrigar o empreendimento foi um casarão do século XIX. Contudo, apesar de charmoso, o imóvel estava totalmente degradado. Por isso, os arquitetos Pablo Alvarenga, Manoel Maia e Adriana Zampieri propuseram um cuidadoso projeto de restauração, que levou cerca de quatro anos para ser aprovado junto aos órgãos competentes. Para comportar o programa de 2.100 m², foi construída uma edificação nos fundos da casa tombada.
Segundo Alvarenga, a construção anexa acomoda as suítes, enquanto o casarão de dois andares foi restaurado para abrigar as áreas comuns, como recepção, restaurante e bar. Devido a exigências da legislação, a intervenção manteve o estilo original da propriedade, com linhas neoclássicas muito semelhantes às do Teatro Amazonas, que se encontra a poucos metros do Villa Amazônia. Mas, ao contrário das esquadrias, que permaneceram brancas, a fachada – antes rosa envelhecida – foi pintada de amarelo-pastel, para não fugir dos tons característicos dos prédios do centro de Manaus.
Os arquitetos fizeram outra mudança, extremamente funcional, na antiga residência. “Nós rebaixamos o piso do antigo porão para melhorar o acesso dos hóspedes. Por ali, acomodamos a recepção e o bar; no andar de cima, o restaurante”, detalha Zampieri.
As paredes do primeiro andar foram descascadas, deixando à mostra os antigos arcos de pedra e tijolos que sustentam o vigamento original de madeira. Este material reveste o piso do pavimento superior que, assim como as caixilharias, foi completamente recuperado. Segundo Zampieri, tratam-se de madeiras típicas da Amazônia, como acapu e pau-amarelo, que também aparecem no Teatro Amazonas.
Acoplada à casa antiga, foi construída uma nova edificação com a mesma altura da original. Por estar um pouco recuada, encostada numa das laterais do lote, o meio do terreno ficou livre. É nesse espaço que fica o grande destaque do projeto: a piscina, que lembra um lago e é rodeada de plantas.
Como o centro de Manaus é muito quente e pouco arborizado, os arquitetos aproveitaram o espaço disponível para reproduzir uma floresta dentro da cidade. Com projeto de Flávia Tiramoshi, o paisagismo conta com uma piscina – que ajuda a deixar o local mais úmido – e vegetação abundante com espécies nativas.
Para tirar proveito da “floresta”, a nova construção, que abriga os dormitórios, ficou voltada para o jardim. Dessa forma, os cômodos ganharam sombra e conforto termoacustico. Na decoração dos quartos, foram escolhidos artefatos indígenas, como troncos de madeira maciça no lugar da cabeceira das camas e luminárias feitas de cestas.
O restaurante ocupa o andar de cima, do qual foram aproveitados as esquadrias e o piso de madeira original. Os móveis do bar e do restaurante foram desenhados pelo próprio escritório no estilo contemporâneo. As cores seguiram a paleta original, mas Zampieri ressalta: “Quisemos usar materiais diferentes para fazer uma coisa nova, que não tentasse imitar a original nem competir com o que já existia”.
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