Num condomínio localizado na Serra do Guararu, Guarujá (SP), instalou-se a Casa Tijucopava, do AMZ Arquitetos. Sua entrada segue marcada tanto pelos muros de pedra quanto pela íngrime rampa de acesso que vai se desenhando conforme a topografia do terreno. Dali em diante, o que se vê é um platô de concreto, e sobre ele a estrutura de madeira conformando os outros dois pavimentos do imóvel. Uma escada principal conduz os moradores ao interior da residência para mergulhar de vez no mar e na Mata Atlântica circundante.
A grande dificuldade enfrentada pelo arquiteto Pablo Alvarenga foi justamente seu maior trunfo. Apesar de estabelecer um acesso complicado, o aclive acentuado do lote também elevavou a Casa Tijucopava ao mesmo patamar da copa das árvores. Envolvida por elas, a residência deveria tirar proveito disso e, ainda, criar um horizonte que se volta para a praia. Nas palavras do arquiteto, “seria como um respiro, uma belvedere no meio do morro.”
Dessa forma, a morada praiana foi disposta em três níveis. No primeiro, a base de concreto configurou o subsolo da garagem, além de demarcar a raia da piscina. Esse volume serve de apoio para a estrutura de madeira que define os andares onde acontecem as principais atividades da casa. No pavimento inferior organiza-se toda a área social, enquanto o superior abriga os dormitórios.
Segundo Alvarenga, a sensação de passar pela garagem e subir a escada é como “aflorar” nesse piso social. Isso porque, ao saírem do subsolo, os moradores se deparam com um espaço completamente livre de paredes, de modo que apenas a caixilharia de vidro faz a separação entre interior e exterior. As portas envidraçadas não impedem que cozinha, salas de estar e jantar desfrutem da bela paisagem; e, quando recolhidas, permitem que a área social se transforme numa grande varanda.
Além disso, a integração das áreas interna e externa foi reforçada pelo piso contínuo feito de placas de mármore tunisino, que reveste todo o pavimento térreo, inclusive o interior da piscina.
Nas laterais externas à garagem, encontram-se duas escadas secundárias que levam à área de serviço. Uma outra determina o acesso ao último piso da Casa Tijucopava, onde alojam-se os dormitórios. A circulação dessa ala ocorre apenas através de uma passarela, que mantém o pé-direito duplo da área social extremamente livre. À frente dali, vitrôs se abrem para um jardim, favorecendo tanto a ventilação cruzada quanto a iluminação natural.
Do outro lado, as cinco suítes foram direcionadas para a paisagem, sendo que os banheiros ocuparam a parcela mais próxima à passarela, ou seja, na parte central da laje. Para iluminar e ventilar esses ambientes, os arquitetos instalaram um lanternim que vai de uma ponta a outra da casa.
Devido à inclinação do terreno, a equipe do AMZ optou por um sistema construtivo leve e de fácil instalação. A contenção foi feita a partir do volume de concreto (elevado a 5 metros do solo), e acima dele ergue-se a estrutura de madeira cumaru que emoldura toda a residência.
O sistema, ancorado a partir de um aparelho de apoio em aço galvanizado, foi pré-fabricado e dividido em seis módulos de 4,5 x 3,75 metros, com balanços de 1,25 metro para cada lado. “Trata-se de um método de construção que agiliza a obra, pois não possui peças grandes, nem precisa de fôrma”, explica Alvarenga.
Ainda de acordo com o arquiteto, a modulação da estrutura de madeira se reflete na planta, sobretudo, do andar de cima. Por ser simétrica transversalmente, ela permite que o térreo mantenha-se livre, enquanto as suítes dividem-se entre cinco dos seis módulos existentes.
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