O projeto arquitetônico da arena dos jogos de Handebol e Golbol para as Olímpiadas de 2016 adotou em sua construção a valorização de conceitos como flexibilidade, mutabilidade, sustentabilidade e adaptabilidade. Diferentemente de outros projetos olímpicos, essa Arena será desmontada e reassumirá uma nova forma, transformando-se em quatro escolas municipais públicas Arquitetos autoresLocalizada no Parque Olímpico da Barra da Tijuca (RJ), a arena tem como objetivo não só de participar do grande evento, como também contribuir socialmente com as necessidades do dia a dia da capital fluminense.
Para a contratação dos escritórios de arquitetura, foi realizada em janeiro de 2013 uma concorrência pública que analisou a modalidade técnica e o preço de cada participante, definindo assim os responsáveis pela apuração e realização dos processos de construção, concluída em 2015. O programa cumpriu todas as etapas, da conceitual até a executivo, do conjunto das disciplinas do escopo até as legalizações junto aos órgãos públicos.
Os projetos básico, executivo e conceitual da Arena de Handebol e Golbol foram desenvolvidos pelo consórcio RIOPROJETOS 2016, formado pelos escritórios Lopes, Santos & Ferreira Gomes Arquitetos e pela Oficina de Arquitetos, com participação do Paulo Casé Planejamento Arquitetônico em parceria com as empresas de engenharia MBM Serviços de Engenharia e DW Engenharia.
Os arquitetos autores, Gilson Santos, Geraldo Lopes, José Raimundo Ferreira Gomes, Ana Paula Polizzo e Gustavo Martins, buscaram soluções adequadas para as diversas interfaces do complexo, de modo a torná-lo acessível durante e depois do evento.
Posteriormente à Olímpiada, o projeto assumirá um novo formato. Para viabilizar essa mudança, foi preciso externar em suas peças o planejamento da desmontagem e remontagem, por meio de informações visuais e táteis ao visitante. “Diferentemente de outros projetos olímpicos, essa Arena será desmontada e reassumirá uma nova forma, transformando-se em quatro escolas municipais públicas”, explicam os responsáveis pelo projeto arquitetônico.
O interior é composto por uma bandeja octogonal, medindo 95 m x 110 m, que abriga a quadra de jogo e as arquibancadas com a modulação do sistema construtivo em estrutura metálica temporária. O conjunto é adaptável a diversas situações de organização espacial, além de favorecer a economicidade, reciclagem, reutilização e o reaproveitamento das peças estruturais para a futura construção.
De maneira independente ao núcleo de concreto formado pelas arquibancadas, há uma estrutura de aço que compõe a cobertura e garante a fixação da pele do edifício de brise-soleils, composta por polímeros de madeira reciclada que envelopa a arena olímpica. “O sistema de brises filtra a luz e assume graficamente a silhueta da paisagem, adotando visualmente a fluidez geográfica da região”, contam os arquitetos.
O sistema de brises filtra a luz e assume graficamente a silhueta da paisagem, adotando visualmente a fluidez geográfica da região Arquitetos autoresUma cobertura metálica do tipo sanduíche é apoiada em sete vigas treliças, que distribuem os esforços para 19 pilares treliçados, nos quais estão aparafusadas uma subestrutura também de aço. As bases de concreto acima do solo têm a função de receber os brises e fazer o fechamento lateral do conjunto, além de garantir proteção termoacústica.
Cada espaço da Arena de Handebol e Golbol sofreu importante caracterização do nível de ruído, permitindo estabelecer conforto acústico em ambientes específicos, assim como o sistema de ar-condicionado, distribuído de maneira racional, que se adapta às necessidades de cada área.
“Todas as instalações e provisões seguem as legislações referentes à acessibilidade e às melhores práticas internacionais, que garantem a capilaridade necessária para acesso e escape dos equipamentos, tendo total responsabilidade com a segurança”, expõem os autores.
No lado de fora da Arena, todo o fluxo distribuído permite a legibilidade total do conjunto. Esse espaço permite a aglomeração de pessoas, estimulando o encontro e colaborando para a harmonia do entorno, cuja austeridade das formas geométricas é atenuada pela tensão cromática entre o edifício e a paisagem.
Os fluxos permitem a mobilidade adequada aos atletas, ao público, à família olímpica, à mídia e ao staff. Também foram destinados setores exclusivos à instalação do overlay, para que sua ocupação comprometesse o menos possível a visibilidade ao prédio.
A entrada do público é feita pelos lados oeste, sul e norte do hall (front of house). O andar térreo é composto pelas áreas de mídia e transmissão, assim como boa parte das áreas operacionais (back of house).
“Nesse setor, encontram-se também o espaço destinado ao estacionamento de mídia, voltado à transmissão, ao estacionamento de ônibus, voltado aos acessos de área de mídia, de atletas e oficiais, e ao estacionamento para os acessos da família olímpica e à grande parte da área operacional do complexo”, completam os arquitetos.
O acesso às arquibancadas pode ser feito por seis escadas metálicas, duas rampas e sete elevadores. Essa área, denominada de concourse, foi nomeada pelos arquitetos da varanda. De lá, é possível avistar o Parque Olímpico e acessar o interior da Arena.
A Arena de Handebol e Golbol, com capacidade bruta de 12.000 assentos, atinge 11.959 espectadores para o módulo olímpico – sendo que, destes, 216 assentos são dirigidos a pessoas com deficiência e mobilidade reduzida –, e 5.204 para os Jogos Paralímpicos – com 198 assentos para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Possui 22 m de altura e terá área total construída de 24.214 m², o que abrange o ginásio e os anexos de áreas técnicas.
“Esse equipamento olímpico não deve somente ser entendido como uma mera estrutura operacional, mas sim como um espaço que aceita a sua transformação, que reage criticamente à sua condição de construção, que nos permite pensar sobre a possibilidade de encararmos a sua mutabilidade como um legado público fundamental”, concluem os responsáveis pelo projeto arquitetônico.
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