Texto: Naíza Ximenes
No coração de São Paulo, o escritório LP+A Arquitetura projetou a nova sede conjunta do Zé Delivery e Ambev Tech, após um concurso de projetos. Segundo a arquiteta Pierina Piemonte, a proposta de integração para o espaço de 465 metros quadrados foi arrematadora — dando início a uma construção em tempo recorde, concluída em dois meses.
A Ambev, gigante brasileira do setor de bebidas, lançou o Zé Delivery em 2016, como uma startup focada na entrega de bebidas. A plataforma, acessada por meio de um aplicativo ou site, possibilita aos usuários enviar pedidos de bebidas, conectando-os à loja mais próxima com base em sua localização.
O projeto concebido pelos arquitetos da LP+A surgiu a partir de uma iniciativa da Ambev, que já mantinha outros escritórios no mesmo edifício — ocupando, inclusive, metade do andar que foi reformulado. O objetivo era integrar a presença da Ambev Tech, a divisão de tecnologia da multinacional, com a sede do Zé Delivery.
O desafio incluiu a fusão de espaços desocupados e em operação. Em entrevista à Galeria da Arquitetura, Piemonte conta que, apesar de contar com áreas de apoio, a metade vazia ofereceu uma tela em branco para o desenvolvimento do projeto. Todo o ambiente deveria ser preenchido com um programa de necessidades que priorizava a flexibilidade, atendendo às demandas híbridas da equipe de tecnologia.
Os arquitetos apostaram em amenidades que vão desde estações de trabalho convencionais até espaços privativos, como as phonebooths (uma alusão às cabines telefônicas, que proporcionam maior intimidade) e o bar temático.
A recepção foi redesenhada para acomodar ambos os escritórios, com uma divisão clara entre Ambev Tech e Zé Delivery. Um balcão único foi projetado com elementos visuais inspirados na cultura geek e com uma atmosfera descontraída, alinhada à identidade jovem das marcas.
O bar, próximo à entrada, é o grande destaque do projeto, apresentando produtos comercializados pela Ambev e servindo como espaço para ativações e colaboração de todas as equipes. A comunicação visual do ambiente é marcada pelo uso de cores vibrantes, como o amarelo característico do Zé Delivery.
Ao longo do espaço, a distribuição estratégica de mesas de trabalho no open space, salas fechadas, e phonebooths visa oferecer flexibilidade aos colaboradores. O estilo arquitetônico adotou uma abordagem industrial, não só incorporando materiais como o metal e os elementos expostos, bem como uma estética despojada.
O projeto de iluminação busca equilibrar a funcionalidade com a estética, usando luminárias focadas nas estações de trabalho e pendentes para demarcar diferentes áreas.
A ventilação e a acústica, por sua vez, foram descritas como desafiadoras pelo arquiteto Guilherme Morganti, devido ao layout aberto. As estratégias para tratá-las incluem dutos organizados, áreas de fachada, nuvens acústicas amarelas, septos nas salas fechadas e um tratamento cuidadosamente integrado.
“Para tratar a acústica, nós apostamos no jateamento de celulose na laje aparente, para proporcionar maior absorção sonora. O intuito era garantir que o som não fosse refletido nesse open space”, conta Morganti. “Nós aliamos essas estratégias ao design de uma forma bem interessante, trazendo um pouco de cor e pontuando algumas estações de trabalho. Nas salas fechadas, o tratamento foi feito com forro mineral, carpete, divisórias acústicas, vidro duplo e septos, que usamos para fechar as salas”, completa.
As salas de reuniões, as de integração e os phonebooths ficam dispostos por todo o perímetro da laje corporativa — e todas com nomes definidos por placas características dos bares brasileiros, em que as letras amarelas se encaixam.
Além disso, todos os ambientes privativos são delimitados por caixilharia preta no formato de grid, associada ao vidro. O resultado é um ambiente informal, que equilibra a descontração com a funcionalidade e reflete a cultura inovadora das empresas envolvidas.
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