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Villa Fulô

Villa Fulô
Foi na encantadora vila de pescadores de Caraíva que um casal de mineiros apaixonados há tempos pela Bahia decidiu construir a Villa Fulô: uma casa de final de semana que também se transformou uma fonte de renda. Imagens: Pato Rammsy
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Entre o rio e o mar


Texto: Nathalia Lopes

A pequena Caraíva, situada entre o rio e o mar, na Bahia, foi o local escolhido por um casal de mineiros que mora em Trancoso (BA) para construir a Villa Fulô, uma casa para descanso da família que também poderia ser alugada quando estivesse vaga.

“O lugar não perdeu sua dinâmica de vila de pescador, e a vida acontece metade dentro metade fora de casa, nas ruas de areia, com os vizinhos próximos, e quem mais passar pelas portas e janelas abertas”, ambienta Renato de Pieri, arquiteto que divide a titularidade do escritório Catálise com Ana Clara Senna.

Com esse pano de fundo, a prioridade era respeitar e preservar as características locais; portanto, Renato criou um conceito simples, arcaico e “pé na areia” para a morada. O projeto prioriza materiais e técnicas de construção regionais, girando em torno da madeira e seus métodos artesanais de envelhecimento; do cimento queimado; e da cobertura de piaçava, todos trazendo calma e aconchego aos usuários.

Estrutura

O pequeno terreno de esquina de 425 m² e as limitações construtivas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de Porto Seguro – taxa de 30% para ocupação e utilização e altura máxima da cumeeira de 5,5 metros – determinaram uma casa térrea de 130 m² com espaços abertos para a área externa que são aproveitados como ambientes de uso diário.

“Entretanto, os 130 m² de construção não poderiam ser executados em um bloco único, pois seria algo desproporcional para Caraíva, que ainda preserva muito bem suas casinhas coloridas. Assim, foram criados 3 blocos”, explica Pieri sobre a dinâmica da estrutura. Segundo ele, foi mais fácil harmonizar a linguagem e a implantação de três blocos distintos com o entorno, também formado por casinhas coloridas de telhado de 2 águas. “Dessa forma, o usuário consegue estar imerso no clima arcaico da vila.”

Para uma implantação espontânea das edificações, não existe um alinhamento entre elas. Os dois primeiros blocos são voltados para a rua e tiveram a altura definida visando o mínimo de impacto visual a quem esteja no espaço público, enquanto o terceiro é mais recuado no terreno. Na esquina do lote foi mantida uma área aberta para a rua, de 50 m², com um banco. “É uma gentileza urbana para acolher os caminhantes das ruas de areia em dias mais quentes.”

A maioria dos móveis e dos objetos de decoração dos ambientes internos são de artesãos locais Foto: Pato Rammsy

O primeiro bloco abriga cozinha, lavabo, despensa e um terraço descoberto com incrível vista para o mar. A escada de acesso é externa, com piso cerâmico da região. No segundo bloco estão os dois quartos dos filhos do casal e o terceiro aproveita o amplo pé-direito interior com um mezanino para receber as suítes máster e de hospedes. “Como os quatro quartos têm acesso independente, existe a possibilidade de alugar cada quarto separado, tornando-se uma das charmosas pousadas da região”, conta.

O restante dos ambientes se ligam ao jardim e a uma pérgola coberta com folhas de coqueiros. São o redário, o estar, a hidromassagem da suíte máster, a mesa de jantar e, no terraço acima da cozinha, a hidromassagem comum com impressionante vista para o mar da Bahia. O destaque da área aberta fica por conta de dois cajueiros, árvores nativas, que foram protegidas e mantidas. “Elas também influenciaram na implantação dos blocos”, lembra Ricardo.

Construção e decoração baseado em materiais regionais

As edificações seguem o estilo construtivo local, com reboco santa-fé nas paredes, piso de cimento queimado e também de cerâmica em formato de peixinhos. O telhado é colonial em um bloco, piaçava em outro, e tem um terraço com vista para o mar sobre a cozinha.

Como em Caraíva não há veículos automotores, uma das dificuldades foi fazer o transporte dos materiais até a obra. “Tivemos de usar carroças de tração animal. Isso influenciou na escolha da estrutura de eucalipto, inicialmente prevista somente para o bloco mais alto, das suítes máster e de hóspedes. Durante a obra viu-se que era mais fácil levar o eucalipto do que o aço para as armações, que são molengas e dobram sobre as carroças”, pontuou.

Sendo assim, a madeira de eucalipto roliça foi utilizada em toda a estrutura, no telhado das edificações e na cerca do terreno. Nas esquadrias, a madeira escolhida foi a da tatajuba, envelhecida com técnica artesanal a base de cimento e cera.

Para a deck e área da piscina, foram escolhidos eucalipto e pedra Palimanan Hijau – o restante do ambiente interno foi revestido com piso cerâmico. Nas áreas internas predomina o piso queimado.

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Casa na Praia do Prumirim, do brro arquitetos

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Escritório

  • Local: BA, Brasil
  • Início do projeto: 2017
  • Conclusão da obra: 2017
  • Área do terreno: 425 m²
  • Área construída: 127,38 m²
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