O escritório chinês CCD (Cheng Chung Design) combinou elementos históricos e culturais para projetar o centro de marketing Shenzhen C Future City Experience Center. A intenção era, através da arquitetura, transmitir sentimentos acolhedores aos colaboradores. A primeira reunião entre os designers e os proprietários resultou em um volume vistoso com curvas envolventes que dialoga harmonicamente com o entorno.
O terreno em que o edifício está inserido encontra-se em Shangsha, uma pequena vila localizada na cidade de Shenzhen (China). Antigamente, a região era um simples povoado de pescadores que, com o passar dos anos, acabou crescendo e se renovando. “Decidimos homenagear essa aldeia e usar suas características como ponto de partida para a projeção da empresa”, conta um dos autores, Cheng Chung.
Situado na área central da cidade, o vilarejo testemunhou um rápido e contínuo desenvolvimento ao longo dos anos e se tornou referência para muitos jovens, por isso foi o local escolhido para a construção do Shenzhen C Future City Experience Center.
Os designers se inspiraram no poema A Visit to Sky-Mother Mountain in a Dream, do poeta chinês Li Bai. Os versos descritos na obra – como “Eu gostaria de viajar para os reinos Wu e Yue em meu sonho, e voar sobre o Mirror Lake em uma noite com a luz da lua” e “O portão de pedra de uma grande caverna aberta” – foram essenciais para a composição dos ambientes corporativos.
Segundo Chung, as estrofes descrevem o “país das maravilhas” explorado pela imaginação do poeta. A partir disso, os designers decidiram criar cenas e espaços similares no projeto, levando em conta os fatos históricos em paralelo com a modernidade.
Ao passar pelo portão de entrada, as pessoas são recebidas pelo espaço da experiência, localizado ao ar livre no fundo do terreno. Lá encontra-se o pátio, o céu e a água em diferentes momentos, ângulos e perspectivas. Foram implantados também jardins clássicos, simples e sem adornos, além de dois corredores estreitos, B1 e B2, que ligam os setores nesse nível. Esses caminhos servem para que as pessoas apreciem a vista do jardim, da nuvem, do céu e dos ambientes internos. “Alguns são ao ar livre justamente para deixar as passagens mais reais”, comenta o designer.
A fachada, construída com paredes de pedra cinza-branca, grades de bambu e grandes panos de vidro, manifesta o espírito zen com um toque calmo e elegante. A alta porta de bambu na entrada do edifício, a tela no corredor B1 (que separa a lagoa externa e a área interna) e a parede interna são planos de texturas suaves e duras que marcam a atmosfera. Sob a iluminação natural durante o dia e a luz quente interna à noite, a combinação de linhas, arcos e planos cria cenas dinâmicas por todos os espaços.
O designer explica que deixou um espaço entre os corredores B1 e B2 para o cultivo de plantas, que são consideradas como incorporações de uma antiga árvore banyan, uma figueira que carrega a história e as memórias da aldeia. Outras espécies foram plantadas no B2 e crescem de forma vertical, trazendo um sentimento mais natural para a estrutura e conectando os espaços de diferentes funções em andares distintos.
“Enquanto isso, pinheiros, bambus, pedras e a lagoa injetam vitalidade e diversão no espaço da experiência e, mais uma vez, respondem às características orientais de todo o design e à atribuição da própria aldeia”, frisa Chung.
Várias obras de arte foram usadas na decoração do projeto, como a estrutura de madeira no corredor e peças esféricas nas zonas de transição, todas amadeiradas e com tons quentes, injetando vitalidade ao espaço.
Com a intenção de herdar o encanto natural da antiga vila de pescadores, os designers escolheram usar arenito, granito, buracos cinzentos e pedras trituradas como materiais predominantes. Além disso, outras obras de arte, como a mesa de madeira maciça em forma de barco, a instalação em forma de rede de pesca, bolas de musgo e pedras cinzentas também trouxeram as marcas do passado.
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